Os recursos foram desviados de programas federais que recebem repasses da União.
Agência Brasil
Balanço divulgado nesta quarta-feira (27) pela Controladoria-Geral da União (CGU)
mostra que, desde 2003, foram desviados R$ 2 bilhões destinados à
merenda e ao transporte escolar em diversos municípios no país. Os
recursos foram desviados de programas federais que recebem repasses da
União.

Ao todo,
2,7 mil municípios foram fiscalizados durante esse período. Em 199
deles foram constatadas irregularidades. Em operações conjuntas feitas
pela CGU e Polícia Federal, foram presas 350 pessoas. A GCU citou, como
exemplo, cinco municípios que, juntos, tiveram um prejuízo estimado em
R$ 380 milhões, no período: Sermão aos Peixes (MA), onde foi constatado o
desvio de R$ 114 milhões; Infecto (BA), de R$ 90 milhões; Fidúcia (PR),
de 70 milhões; Cauxi (AM), de R$ 56 milhões; e, Carona (PE), R$ 50
milhões.
"A corrupção retira recursos públicos que servem para
atender as demandas da sociedade. É indiscutivelmente mais grave e
doloso quando se vê desvio de verbas na educação e, ainda mais, em áreas
como merenda e transporte. Estão minando a possibilidade que o jovem ou
a criança venham a ter um futuro melhor", disse o ministro interino da
CGU, Carlos Higino Ribeiro de Alencar.
A CGU constatou, nesses
municípios, a relação entre a má gestão e o desempenho dos alunos. A
média dos Índices de Desempenho da Educação Básica (Ideb) onde há
corrupção é menor que a média nacional. A média nacional é 5,2, enquanto
nos locais onde foi constatada fraude nos programas é 3,55.
Alencar
disse que, em muitas das cidades visitadas, foi constatada ainda má
gestão, o que não necessariamente configura crime. Ele citou, como
exemplo, o mau condicionamento dos alimentos que seriam servidos às
crianças e a falta de zelo dos gestores com os programas.
O
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que os desvios foram
feitos de recursos enviados diretamente a estados e municípios por meio
de ações como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o
Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate). Pelo
primeiro, o Ministério da Educação (MEC) transfere uma complementação de
R$ 0,30 a R$ 1,20 por aluno e, pelo segundo, além de comprar ônibus e
outros meios de transporte, o MEC transfere recursos para custeio.
Em
2016, a pasta vai investir R$ 3,6 bilhões em alimentação e R$ 600
milhões em custeio do transporte, que inclui tanto verbas para gasolina,
quanto para aluguel de veículos, em algumas localidades.
Medidas de combate à corrupção
Para
combater os desvios, MJ, MEC, CGU, PF atuarão juntos. A portaria
assinada hoje tem o objetivo de aumentar tanto o rigor em relação aos
repasses para alimentação, transporte e fiscalização nos municípios.
"Estamos
criando uma força-tarefa. Vamos aumentar o patamar das nossas ações e
ampliar a investigação. Nossas áreas de inteligência darão mais atenção a
isso", ressaltou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O
ministro interino da CGU destacou que as operações serão ampliadas. O
MEC também vai ampliar o controle e monitoramento da gestão desses
recursos.
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