Gutson Johnson afirmou em depoimento que Ricardo Motta se beneficiou com esquema no Idema. Ministério Público diz que réu precisa provar acusações, que deputado nega.
Portal no ar: O ex-diretor administrativo do Idema,
Gutson Johnson Reinaldo, pivô do escândalo da Operação Candeeiro,
afirmou em depoimento nesta segunda-feira (22) que 60% dos recursos
desviados do Idema foram destinados ao deputado estadual Ricardo Motta. O
Ministério Público, contudo, indica que não há participação do
parlamentar, razão pela qual tem resistido em aceitar a delação premiada
de Gutson. Em nota, Ricardo Motta negou as acusações e afirmou que
tomará “as medidas cabíveis para que este absurdo não fique impune”.
Na 6ª Vara Criminal de Natal, Gutson
afirmou que os desvios começaram em 2012. Segundo seu depoimento, a
ideia partiu do próprio deputado Ricardo Motta, que teria lhe indicado
para o cargo e lhe pressionava para honrar despesas de campanha de 2010 e
2012.
Segundo o Ministério Público, através de
esquema simulado de pagamentos fraudados, foram desviados do Idema R$
19 milhões em janeiro de 2013 e novembro de 2014. Um dos réus da ação
penal, Clebson Bezerril, ex-diretor financeiro, declarou, todavia, que
os desvios começaram antes do período delimitado e alcançam R$ 30
milhões.
Ao depor nesta segunda, Gutson confirmou
que os desvios teriam começado antes do período investigado pelo
Ministério Público. Segundo ele explicou, já em 2012, ele foi
pressionado a ampliar os desvios fazer frente despesas da campanha
eleitoral daquele ano.
De acordo com réu confesso, o resto do
dinheiro era rateado entre os demais participantes do esquema criminoso.
Ele afirmou que ficava com 20%, e outros 20% eram divididos entre os
outros integrantes do esquema.
MP contesta
Para o promotor Paulo Batista Lopes, a
versão de Gutson é frágil. Segundo ele declarou em entrevista, durante
toda a investigação, o nome do deputado Ricardo Motta não apareceu em
nenhum momento, não havendo indicativo de que ele tenha se beneficiado
dos desvios.
“Na verdade, isso tem que ser avaliado à
luz do que se tem para provar. A pessoa pode falar o que quiser, mas
precisa provar. O fato é que em toda a investigação, o nome do deputado
Ricardo Motta não aparece em nenhum momento, tampouco nas quebras de
sigilo telemático e bancário”, declarou o promotor.
Segundo o membro do Ministério Público, é
preciso que haja uma triagem das informações para que seja checado se o
que está sendo dito procede. “Isso que está no processo, até o momento,
não dá suporte à tese de Gutson. Ele diz que tem coisas a entregar.
Quando o MP receber isso, se ele tiver interesse, teremos que fazer um
cotejo dessas provas para saber se há possibilidade de êxito em uma ação
penal contra o deputado que ele diz ter participado”, reforçou o
promotor.
Lopes contestou ainda frontalmente a
versão de Gutston segundo a qual o deputado Ricardo Motta foi quem
idealizou o esquema de desvios. “O que tem que ficar claro é que, para
os promotores do Patrimônio Público, o mentor do esquema é o senhor
Gutson, que precisava da participação de pessoas com conhecimentos
técnicos”.
Deputado nega
Em nota, o deputado estadual Ricardo
Motta repudiou a inclusão de seu nome no escândalo. Ele afirmou que
tomará as medidas cabíveis contra as acusações de Gutson e frisou que
“nada do que foi dito é verdade. Nada, absolutamente nada”, conforme a
íntegra abaixo:
Venho a público manifestar meu
repúdio diante de noticiário sobre declaração de ex-diretor do Idema
citando de forma espúria e sem provas o meu nome.
Nada do que foi dito é verdade. Nada, absolutamente, nada.
Por isso, tomarei as medidas cabíveis para que este absurdo não fique impune.
Não fui responsável por sua
indicação, nomeação, tampouco pelos seus atos e jamais aceitarei a
calúnia cometida contra a minha pessoa.
Que ele responda por suas práticas,
sem tentar macular a honra alheia ou maldosamente terceirizar delitos
que cometeu, numa desesperada e leviana manobra para transformar quem
nada tem com o caso, em boia de salvação do seu naufrágio moral.
Estive, estou e estarei à disposição
da Justiça. Em sete mandatos de deputado estadual jamais foi encontrada
qualquer irregularidade em minha vida pública. Estou, muito mais, com a
paz, a serenidade e a firmeza inabalável da consciência tranquila.
Ricardo Motta
Deputado estadual
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