PF cumpre mandado de busca na casa da senadora Gleisi e prende o
marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo (Foto: Antonio Cruz / Agência
Brasil e Reprodução EPTV)
O ex-ministro ministro do Planejamento do governo Lula e das
Comunicações no primeiro governo Dilma Paulo Bernardo foi preso nesta
quinta-feira (23) em um desmembramento da 18ª fase da Operação Lava
Jato, em Brasília. A operação foi batizada de "Custo Brasil".
A Polícia Federal (PF) informou que um mandado de busca e apreensão também está sendo cumprido na casa da senadora Gleisi Hoffmann, no bairro Água Verde, em Curitiba.
Policiais federais também estão na sede do PT no Centro de São Paulo.
Carro da PF em frente ao predio da senadora Gleisi (Foto: Sérgio Tavares/ G1)
A Polícia Federal indiciou Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, o
ex-ministro Paulo Bernardo, ao concluir o inquérito sobre as suspeitas
de que dinheiro desviado da Petrobras abasteceu em 2010 a campanha ao
Senado da parlamentar.
A defesa do ex-ministro disse que desconhece as razões da prisão, e que estranha porque Paulo Bernardo sempre se colocou à disposição das autoridades.
A PF afirma ter indícios suficientes contra Gleisi e o marido, o
ex-ministro Paulo Bernardo, por suposto envolvimento em crime de
corrupção.
As conclusões da Polícia Federal foram anexadas ao inquérito 3979, que
tramita no Supremo Tribunal Federal , na Operação Lava Jato.
A PF entendeu que há indícios suficientes de que a campanha de Glesi
recebeu R$ 1 milhão em propina. Um novo delator , Antonio Carlos
Pieruccini, informou que transportou o dinheiro, em espécie, de São
Paulo para Curitiba em quatro viagens e que entregou a quantia para
Ernesto Kugler, empresário que seria próximo de Gleisi.
Segundo a PF, as entregas ocorreram na casa de Kugler e em empresas das quais é sócio.
E que o empresário e o então tesoureiro da campanha de Gleisi, Ronaldo da Silva Baltazar, se falaram por telefone pelo menos 25 vezes.
E que o empresário e o então tesoureiro da campanha de Gleisi, Ronaldo da Silva Baltazar, se falaram por telefone pelo menos 25 vezes.
Segundo o relatório da Polícia Federal, ao qual a TV Globo teve acesso,
o suposto pedido de dinheiro para a campanha de Gleisi teria sido feito
ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa quando Paulo Bernardo
era ministro do Planejamento do governo Lula e só porque o ex-ministro
teria conhecimento do esquema de desvios na Petrobras.
Assessoria contesta
A assessoria de imprensa da senadora Gleisi Hoffmann, que responde pelo casal, informou por meio de nota que as provas do inquérito demonstram que ela e o marido não receberam dinheiro
A assessoria de imprensa da senadora Gleisi Hoffmann, que responde pelo casal, informou por meio de nota que as provas do inquérito demonstram que ela e o marido não receberam dinheiro
"Todas as provas que constam no inquérito comprovam que não houve
solicitação, entrega ou recebimento de nenhum valor pela senadora Gleisi
Hoffmann ou pelo ex-ministro Paulo Bernardo", afirma o texto da nota.
Segundo a assessoria, "são inúmeras as contradições nos depoimentos dos
delatores, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações.
Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que cinco versões
diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não
existiram".
Indiciamento
O indiciamento – do qual a senadora foi objeto – é previsto em lei somente para inquéritos conduzidos pela polícia. O ato de indiciar torna uma pessoa oficialmente suspeita de ter cometido um crime.
O indiciamento – do qual a senadora foi objeto – é previsto em lei somente para inquéritos conduzidos pela polícia. O ato de indiciar torna uma pessoa oficialmente suspeita de ter cometido um crime.
Em 2006, o Supremo Tribunal Federal firmou um entendimento pelo qual
deputados e senadores não podem ser formalmente indiciados pela polícia –
somente podem ser acusados pela Procuradoria Geral da República.
A defesa de Gleisi Hoffmann vai questionar o indiciamento da senadora
no Supremo a fim de provocar a discussão sobre se a PF pode ou não
indiciar.
Atualmente, o Supremo tem uma composição diferente da de 2006 e, por
essa razão, após o questionamento da defesa da senadora, há
possibilidade de o entendimento vir a ser revisto.
Delação
A acusação faz parte da delação do doleiro Alberto Youssef, que afirmou ter recebido determinação do ex-diretor Paulo Roberto Costa para entregar R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi Hoffman do Paraná.
A acusação faz parte da delação do doleiro Alberto Youssef, que afirmou ter recebido determinação do ex-diretor Paulo Roberto Costa para entregar R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi Hoffman do Paraná.
Isso teria sido feito em um shopping de Curitiba. A quantia teria sido
entregue pessoalmente por Yousseff a um homem. Youssef afirmou que
Gleisi sabia de todo o esquema. E que Paulo Bernardo pediu um "auxílio"
na campanha da mulher.
Depoimentos
Em depoimentos à Polícia Federal em abril do ano passado, a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela e ex-ministro Paulo Bernardo negaram irregularidades na arrecadação para a campanha da petista ao Senado em 2010.
Em depoimentos à Polícia Federal em abril do ano passado, a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela e ex-ministro Paulo Bernardo negaram irregularidades na arrecadação para a campanha da petista ao Senado em 2010.
Gleisi e Bernardo negaram, ainda, solicitações de doações ao doleiro
Alberto Youssef. À PF, Paulo Bernardo disse que não fez qualquer pedido
de "auxílio" a Costa para a campanha de Gleisi.
Questionado sobre as anotações "PB" e "1,0", encontradas na agenda de
Paulo Roberto Costa apreendida pela Polícia Federal, o ex-ministro disse
não ter conhecimento das anotações.
Em depoimento à Justiça, Costa afirmou que as anotações diziam respeito
ao valor de R$ 1 milhão repassados a Paulo Bernardo para a campanha da
petista ao Senado.
Em seu depoimento, Gleisi Hoffmann também disse desconhecer as
anotações na agenda de Costa. Ela afirmou ainda que o empresário Ernesto
Kugler participou de alguns eventos da campanha de 2010, mas que năo
atuou na captação de recursos.
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