Os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido estão testando o cultivo de
girassol ornamental usando água de esgoto doméstico tratado. O
experimento faz parte do projeto de Mestrado de Isaura Raquel Dantas,
discente do Programa, e é orientado pelo professor Nildo Dias.
Desde abril que a estudante vem trabalhando na pesquisa. Ela iniciou o
projeto com a montagem e a instalação de um sistema de tratamento das
águas cinzas (provenientes de pias de cozinhas e chuveiros) produzidas
na Associação Comunitária Reciclando para a Vida – Acrevi – que é uma
associação de catadores de materiais recicláveis de Mossoró.
Com o sistema de tratamento de efluente doméstico, Isaura Raquel obtém
uma água tratada que é usada para compor a solução nutritiva da
irrigação do girassol “sol noturno” – variedade que emite uma bela flor
com pétalas avermelhadas ideal para ornamentação. No mercado, a planta
tem um grande valor comercial e é diferente do girassol mais conhecido
pelo sertanejo que é destinado a produção de sementes para a indústria.
Na Ufersa, a estudante testou diferentes proporções do efluente na água
de irrigação, aplicou diariamente nas plantas e observou que, em todas
as diluições estudadas, as plantas de girassol foram muito precoces,
pois emitiram os botões florais antes do tempo indicado pelo fornecedor.
Além dessa análise preliminar, os pesquisadores também avaliam a
eficiência do uso da água residuária no desenvolvimento da planta. Para
isso, são conferidos semanalmente a altura e o diâmetro da haste, o
número de folhas, a área foliar, o diâmetro do capítulo floral e o
número de pétalas. A grande vantagem de utilizar a água residuária se
deve ao material orgânico presente que se transforma em adubo
favorecendo o desenvolvimento do vegetal e também pelo controle
ambiental. “Aqui nós podemos monitorar os nutrientes que estão em
excesso na água residuária pois a planta é cultivada em vaso sem contato
com o solo. Irrigando diretamente no solo, não há controle e os
nutrientes podem ser carreados”, explicou Nildo Dias.
O experimento deve ser concluído em 20 dias e até lá os pesquisadores
devem fazer análises para saber a composição mineral do tecido foliar da
planta e do substrato de cultivo onde a planta cresce justamente para
saber se há necessidade ou não de adubo complementar.
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