Um dos quatro sobreviventes brasileiros do acidente aéreo com a Chapecoense,
ocorrido no último dia 29 de novembro, na Colômbia, o zagueiro Neto
soube apenas nesta segunda-feira sobre a tragédia que provocou a morte
de 71 pessoas após o avião que levava a equipe catarinense para o jogo
de ida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, cair
perto do aeroporto de Medellín.
Há 13 dias internado, o jogador foi o último a ser resgatado com vida
após a queda do avião e era quem se encontrava em estado mais grave.
Ele ficou em coma induzido, por causa de uma infecção pulmonar, mas
agora já respira sem a ajuda dos aparelhos. Como sua condição clínica e
emocional era considerada crítica, os médicos optaram por evitar de
contar ao atleta sobre o ocorrido até que ele evoluísse o suficiente
para ter condições de absorver a trágica notícia.
“Nós conversamos com o Neto hoje (segunda-feira), falamos
sobre o acidente, ele não sabia do acidente, em comum acordo com a
equipe clínica do hospital para que não houvesse nenhum problema na
recuperação clínica e no estado emocional dele. Então, junto com a
psicóloga, falamos com ele hoje. No início, ficou muito emocionado
porque não sabia, mas ele é muito forte e entendeu”, afirmou Carlos
Mendonça, médico da Chapecoense, durante entrevista coletiva nesta
segunda-feira na Colômbia.
O profissional do clube catarinense ainda ressaltou, na entrevista
coletiva, que Neto recordou aos médicos nesta segunda-feira que, um dia
antes da viagem para Medellín, havia sonhado que o avião que levaria o
time da Chapecoense até a Colômbia caiu. Ele relatou o pesadelo à esposa
e chegou a dizer que não desejava viajar.
“Provavelmente ele vai falar isso para vocês (jornalistas),
ele teve um sonho no dia anterior da viagem. Ele sonhou que a aeronave
estava caindo, uma coisa bem dramática, e ele falou com a esposa
inclusive que não queria voar. Então, isso ficou muito marcado para ele.
Foi uma coisa bem chocante. Ele teve esse pesadelo”, revelou Mendonça,
que disse ter ficado conversando com o jogador por quase duas horas no
quarto onde o jogador está internado no hospital em Rionegro, na
Colômbia.
Mendonça ainda assegurou que o jogador está agora “consciente de
tudo”, depois de ter chegado a questionar os médicos no último domingo
sobre o jogo de ida da final da Sul-Americana, contra o Atlético
Nacional, e sobre as razões para ter ficado tão machucado (com escoriações no corpo, na mão e nas pernas), o que ele estranhou por não ser um fato corriqueiro em um jogo de futebol.
“Ele me perguntou sobre tudo, eu respondi sobre tudo e ele está
totalmente consciente de tudo e acho que isso vai ser bom para a
recuperação dele porque estava ficando um peso muito grande sobre a
família, principalmente, sobre a esposa. Ele perguntava, e a esposa não
podia falar. E gerava um transtorno muito grande. Então, levamos até
onde deu (até finalmente contar sobre o acidente nesta segunda-feira). Ele está muito bem, tranquilo”, garantiu o médico da Chapecoense.
Neto será o último sobrevivente brasileiro do acidente da Chapecoense
a deixar a Colômbia, o que deverá ocorrer nos próximos dias desta
semana. Nesta segunda-feira, o goleiro Jackson Follmann se tornou o
primeiro a embarcar rumo ao Brasil em um avião preparado com UTI móvel,
com previsão de chegada a São Paulo nas primeiras horas da madrugada
desta terça, antes de seguir para o hospital Albert Einstein, onde
deverá ser submetido a uma cirurgia na vértebra.
Para esta terça-feira estão previstas as saídas da Colômbia do
lateral Alan Ruschel e do jornalista Rafael Henzel, os outros dois
sobreviventes brasileiros da tragédia, que deverão voltar ao Brasil
também logo após deixarem o hospital na cidade de Rionegro. Os dois
seguirão para Chapecó em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e
ficarão internados em um hospital da cidade catarinense.

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