quarta-feira, 10 de maio de 2017

Lava Jato acha obras de arte e até camisa do Pelé com ex de Cabral

A operação de busca e apreensão da Lava Jato que vasculhou endereços de Susana Cabral, ex-mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), em Araras (RJ) e São João del-Rei (MG), nesta segunda-feira, 8, achou obras de arte e até uma camisa do Santos com dedicatória do Rei do Futebol. “Do amigo, Edson Pelé’. Os objetos e as propriedades alvo de busca foram fotografados, e as 17 imagens anexadas aos autos da Lava Jato.
Segundo o Ministério Público Federal, ‘a integralidade das imagens será juntada assim que concluído o relatório das diligências’.
Susana Neves Cabral já havia sido alvo da Lava Jato em janeiro deste ano. A Procuradoria afirmou que o endereço de Minas, no entanto, não foi alvo de mandado de busca e apreensão na ocasião, ‘uma vez que o imóvel somente se tornou conhecido a partir da análise dos dados de afastamento de sigilo fiscal da empresa Araras Empreendimentos, em nome da qual foi adquirido’.
A Araras Empreendimentos é controlada por Susana. O imóvel, segundo a força-tarefa, foi comprado por R$ 600 mil ‘sem que, aparentemente, tivesse recursos de origem lícita compatível’.
A Receita identificou que a Araras teve movimentação financeira incompatível com a receita bruta declarada e distribuiu lucros e dividendos incompatíveis com as receitas auferidas, nos exercícios de 2007 a 2009 e de 2011 a 2015. O levantamento demonstra que a sede da empresa é a própria residência de Suzana, no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro, e que não há nenhum empregado registrado.
As investigações também apontam que a ex de Cabral utilizou sua empresa para ocultar a origem ilícita de R$ 1.266.975,00.
Entre 25 de outubro de 2011 e 13 de dezembro de 2013 foram identificadas 31 transferências bancárias de recursos oriundos do grupo de empresas da empreiteira FW Engenharia, por intermédio da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, que realizou pagamentos à Araras Empreendimentos a título de serviços de consultoria em valor quase duas vezes maior que a sua renda bruta declarada. Quase 50% dos valores recebidos pela Survey da FW no período analisado pela investigação foram repassados logo em seguida para a empresa de Suzana Neves.
“Toda a movimentação aponta para lavagem de dinheiro pago como propina à organização criminosa em contratos que o Governo do Estado do Rio de Janeiro firmou com a FW Engenharia”, diz a Procuradoria. “Em diligências de busca e apreensão autorizadas durante a Operação Calicute, foram apreendidas diversas anotações que indicam o pagamento de propina pela empreiteira FW Engenharia em benefício da organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral. Um dos contratos firmados com a empresa, no valor de R$ 35 milhões, teve por objeto a elaboração de projeto executivo e a execução de obras complementares de urbanização no Complexo de Manguinhos, comunidade beneficiada pelo PAC Favelas. A contratação foi financiada com recursos da União provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento.”
As oito denúncias já apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato, no Rio, apontam ‘como Sérgio Cabral instituiu, ao assumir o Governo do Rio de Janeiro, em 2007, um esquema de cartelização de empresas e favorecimento em licitações, mediante pagamento de propina de cerca de 5% em todas as grandes obras públicas de construção civil contratadas junto ao ente público, quase sempre custeadas ou financiadas com recursos federais’.
As investigações demonstram que a organização desviou mais de US$ 100 milhões dos cofres públicos mediante engenhoso processo de envio de recursos oriundos de propina para o exterior.


COM A PALAVRA, O ADVOGADO SÉRGIO RIERA, QUE DEFENDE SUSANA CABRAL

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Susana Neves Cabral esclarece que nunca ocultou obras de arte ou outro bem de quem quer que seja. Como afirmado em seu depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em 26 de janeiro último, sempre esteve, e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer informações, não sendo necessária a adoção de medida extrema.

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