O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT avaliaram que o
presidente Michel Temer pode ganhar sobrevida política porque está
sendo mais rápido na reação às denúncias contra ele do que o PT e outros
partidos da oposição nos ataques.
Em conversa com deputados,
senadores e dirigentes antes da abertura do 6.º Congresso Nacional do
partido, Lula disse que o governo, mesmo em situação crítica, tem
conseguido reaglutinar forças, enquanto o PT precisa de uma bandeira
para reconquistar a confiança da sociedade. O evento petista começou
nesta quinta-feira, 2, em Brasília.
A portas fechadas, Lula e seus
correligionários também consideraram que o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) deve suspender o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer,
marcado para ser retomado no dia 6. “O único jeito de Temer cair é se o
TSE cassar a chapa. Impeachment não cabe neste caso e ele (Temer) já
disse que não renuncia”, afirmou o deputado Zé Geraldo (PT-PA).
Integrantes
da cúpula petista apostam que um dos sete ministros do TSE pedirá vista
do processo, o que daria tempo para Temer tentar salvar seu mandato. O
diagnóstico do partido é o de que, neste momento, o presidente pode
ficar “sangrando”.
“Nada é impossível. Acho que Temer está
buscando uma ‘sarneyzação’, que pode se arrastar por um tempo e agarrar
em todos nós como uma sarna”, disse Marco Aurélio Garcia, ex-assessor
especial da Presidência.
Legitimidade. Defensor
de eleições diretas com mandato excepcional de cinco anos em caso de
vacância na Presidência, o ex-ministro Jaques Wagner disse que “Temer
tem mais legitimidade para continuar no cargo do que qualquer nome
escolhido em uma eventual eleição indireta”. “Querendo ou não, ele
estava na linha sucessória da Presidência”, disse o ex-ministro. “Ele
era vice. É lógico que traiu a Dilma, mas era vice.”
Segundo
Wagner, o Brasil não é parlamentarista para trocar de presidente “de
seis em seis meses”. “Estamos brincando com coisas com as quais não
podemos brincar. A briga política é fundamental para oxigenar a
democracia, mas não pode asfixiar o País. Quando a democracia vira uma
questão de conveniência a gente está mal.”
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