O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) autorização para investigar o deputado Fábio Faria
(PSD-RN) e o goverandor do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD),
pai do parlamentar, com base na delação do Grupo J&F, que controla a
empresa JBS.
O pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) se
baseia na afirmação do delator Ricardo Saud, de que o grupo teria pago a
pai e filho uma quantia somada de R$ 10 milhões
durante as eleições de 2014. A PGR suspeita que os dois tenham cometido
o crime de corrupção passiva e de caixa 2 eleitoral, recebendo
“supostas doações não contabilizadas” em troca de contrapartidas ao
grupo.
Segundo Saud, em troca de R$ 10 milhões
para as respectivas campanhas ao governo estadual e à Câmara dos
Deputados, Robinson Faria e Fábio Faria teriam se comprometido a
privatizar a Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio Grande do Norte
(Caern), dando conhecimento prévio do edital à empresa para que
pudessem alterá-lo a seu favor, a fim de obter vantagens competitivas em
detrimento ao mercado. O delator disse também que foi procurado várias
vezes pelos dois, para pedirem financiamento para as disputas eleitorais
em 2014.
Do total dos recursos, R$ 1.982.212,04 teriam sido
entregues diretamente pelo publicitário André Gustavo, a pedido do Grupo
J&F, ao deputado federal Fabio Faria. O delator citou também um
valor de R$ 957.054,56 obtidos junto ao Supermercado Boa Esperança, em
Natal, que “foram entregues ao congressista no próprio estabelecimento
comercial”.
R$ 2 milhões
teriam sido repassados ao diretório nacional do PSD, para utilização na
campanha de Robinson Faria ao governo do Estado, com pagamentos em duas
datas no mês de outubro de 2014. Outros R$ 2 milhões
teriam sido pagos à EA Pereira Comunicação Estratégica, “por meio de
nota fiscal avulsa”, também à campanha do governador, assim como um
valor de R$ 1,2 milhão pagos ao escritório Erick Pereira Advogados “por meio de nota fria”.
“Diante
de tais constatações, faz-se mister o aprofundamento das apurações, de
modo a se possibilitar a confirmação ou não do possível envolvimento
e/ou ciência do congressista e do governador citado nos ilícitos
relatados”, disse Janot.
No pedido de abertura de investigação,
datado de 29 de junho, Janot pediu que os dois sejam ouvidos na condição
de investigados. A PGR também quer ouvir pessoas ligadas às empresas
citadas pelos delatores. Outro pedido é para identificar quem é o André
Gustavo citado.
O procurador também disse que não há conexão entre
este caso e os demais que fazem parte do gabinete do ministro Edson
Fachin, razão pela qual pediu a livre distribuição, por sorteio. O STF
está de recesso judiciário durante julho, e uma decisão a respeito da
abertura do inquérito só deve ser tomada em agosto.
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