terça-feira, 15 de agosto de 2017

Problemas da infraestrutura de transmissão impedem desenvolvimento de energia eólica

O Rio Grande do Norte se destaca em cenário nacional por possuir várias potencialidades que atraem investimentos e impulsionam a economia. Uma delas são as energias renováveis, que ainda possuem a vantagem de serem fontes inesgotáveis obtidas na natureza. Uma dessas energias é a eólica – aquela produzida pela força do vento em aerogeradores. O estado potiguar é rico por ter muitas regiões que se aproveitam desta modalidade para gerar energia.
Em conversa com Milton Pinto, diretor de Engenharia e Infraestrutura Elétrica do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), o Portal Agora RN/Agora Jornal buscou conhecer mais acerca dessas energias renováveis e o que é necessário para desenvolvê-las ainda mais. No caso da eólica, Milton Pinto apontou a necessidade de se ultrapassar os problemas que surgem da infraestrutura ineficiente para construção de linhas de transmissão. A falta de interesse de investidores e a dificuldade de financiamento são os principais obstáculos entraves para a indústria de geração de energia eólica.
“Encontramos nos últimos anos problemas na infraestrutura das linhas de transmissão. Há várias frentes para resolver isso, porque em um parque eólico, a turbina gera energia, mas é preciso injetá-la em algum local, que é essa linha de transmissão para que se passe a energia para os grandes centros. Às vezes, você encontra problemas em parques que não têm tantas linhas, ou não as encontra próximas a um parque. Consequentemente, haverá dificuldades na hora de escoar a energia produzida”, contou o diretor do Cerne.
Atualmente, a eólica é a energia mais utilizada no Rio Grande do Norte. Para Milton Pinto, isso se reflete nos níveis de capacidade instalada. Em comparação com o Brasil inteiro, o estado potiguar é líder com sobras. “O estado é líder em capacidade instalada em energia eólica. O Rio Grande do Norte tem aproximadamente 3,4 gigawatts em potência instalada, esse valor é o mais alto no Brasil. Para se ter uma ideia, o país todo soma aproximadamente 11 gigawatts. Nosso estado tem um terço disso”, explicou.
Um aerogerador é composto por três partes: a torre, as pás e no meio, o cubo com o gerador. Anteriormente, as peças costumavam ser importadas, mas, de acordo com o especialista, há uma regra do governo federal, criada há alguns anos, que determina um índice de nacionalização dos equipamentos utilizados na produção das energias. Como ele lembra, hoje em dia, nem todas as peças são importadas. O índice de equipamentos nacionais está na faixa de 60% a 70%.
Conforme esclarece Milton Pinto, o Rio Grande do Norte é propício para a geração de energia eólica pela força de seus ventos. A área preferida para a instalação de aerogeradores é a do Mato Grande, especificamente nos municípios de João Câmara; Parazinho; São Miguel do Gostoso e Jandaíra. É lá que há maior concentração de turbinas eólicas que é vista, inclusive, a nível nacional. A tecnologia não é algo barato, mas o retorno compensa”, lembra.
Desde 2001, o governo federal tem buscado incentivar a produção de energia eólica através do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), do Ministério de Minas e Energia. Toda uma política foi planejada para implantação das fontes alternativas, com o envolvimento de bancos. O Brasil alcançou, há cerca de dois anos, uma posição boa entre os 10 maiores do mundo no ranking de maiores nações com capacidade instalada. A China é a líder.
Distância entre energia eólica e solar no RN é muito grande
Paulo Sérgio de Morais, administrador da New Energy, e parte do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Geração Distribuída explicou que, em comparação, a energia eólica ainda é muito superior no Rio Grande do Norte. De acordo com o especialista, a energia solar, que viria em segundo lugar, está há uma distância muito grande em termos de aproveitamento.
“A distância entre as duas ainda é muito grande no Rio Grande do Norte, porque a eólica é produzida mais para servir usinas de grande porte, enquanto que a solar é mais utilizada para consumo próprio”, diz Paulo Sérgio, comentando que ainda há um projeto em desenvolvimento de explorar energia do biogás. “Mas ainda é muito insipiente essa ideia”, completou.
Para Paulo Sérgio, outra fonte que é uma promessa de desenvolvimento no estado e no Brasil é a energia fotovoltaica. “O governo federal passou quase um ano sem realizar leilões. Felizmente, retornaram esses leilões, tanto de energia eólica, quanto de energia renovável. A perspectiva é que vai crescer bastante, principalmente no tocante à energia fotovoltaica”.
Para se investir na energia fotovoltaica, há um financiamento específico do Banco do Nordeste. Segundo Paulo, o investimento consiste em um valor baixo, quase zero. Como resultado se tem uma produção de energia com duração de 25 anos. Já se o interessado for investir com recursos próprios, a previsão é de que o retorno financeiro chegue com cinco anos, se for consumidor de baixa tensão.
Assim como Milton Pinto, Paulo lembra que há algumas fábricas no Brasil para aerogeradores, e cinco para placas fotovoltaicas, além de duas na iminência de serem instaladas aqui no Rio Grande do Norte – uma delas instalada pela empresa chinesa Chint Eletrics em parceria com o governo do estado, em Extremoz. Quanto à energia solar, Paulo explica que 95% dos equipamentos ainda vêm de fora.
Em se tratando das placas fotovoltaicas, Natal, Mossoró e Parnamirim são os municípios líderes atualmente na utilização. Segundo informou o membro da ABGD, há muitos trabalhadores atuando no segmento. “Temos mais de 20 empresas de instalação de energia fotovoltaica para geração distribuída. Cada empresa dessas tem uma faixa de dez pessoas em empregos diretos, fora os empregos indiretos”.

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