Crimes teriam sido praticados em redes sociais
O
Ministério Público Federal no RN (MPF/RN) protocolou na
quarta-feira (11) denúncia contra o empresário Flávio Gurgel Rocha
pela prática dos crimes de coação no curso do processo, calúnia e
injúria. Os crimes teriam sido praticados contra a procuradora
regional do Trabalho Ileana Neiva Mousinho, no exercício da função.
Ileana
Neiva e outros 9 procuradores do Trabalho ajuizaram, em 19 de maio,
ação civil pública contra a empresa Guararapes Confecções S/A
(Ação Civil Pública nº 000694-45.2017.5.21.0007), da qual Flávio
Rocha é vice-presidente. Em 17 de setembro, no perfil que possui na
rede social Facebook, que conta mais de 24 mil seguidores, o
empresário postou uma carta dirigida à procuradora a quem acusou
ser autora de sistemática perseguição veiculada por denúncias
infundadas à Delegacia do Trabalho, animadas exclusivamente por
sentimento de ódio e para favorecer seus concorrentes.
Utilizando
outras redes sociais o empresário chamou Ilena Neiva de “louca”,
“perseguidora” e “exterminadora de empregos”, chegou ainda a
sugerir a retirada da procuradora. “A proposta é simples. Tirem a
Dra. Ilena Mousinho de nossa vida e nós vamos transformar o RN”,
propagou Flávio Rocha. Nas mensagens, sugeriu que as condutas da
procuradora visam beneficiar os supostos concorrentes da Guararapes,
já que tais exigências não estariam sendo feitas às demais
empresas.
“Mais
uma vez, Flávio Gurgel Rocha atribuiu à procuradora regional do
Trabalho ser autora de comportamento típico de natureza penal,
consistindo além de crimes de abuso de autoridade, previstos
expressamente na Lei nº 4898/1965, no crime de prevaricação,
previsto no art. 319 do Código Pena”, destaca a denúncia. O crime
de prevaricação consiste em deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra a disposição expressa em lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
O
empresário lançou nas redes sociais as campanhas denominadas
“ mexeucompainhomexeucomnostudin ho” e #exterminadoradeemprego.
Flávio Rocha convocou uma manifestação em frente à sede do
Ministério Público do Trabalho, que aconteceu em 21 de setembro. O
expediente da Procuradoria teve que ser reduzido, por questões de
segurança. O denunciado postou frases como “o nosso povo está
animado...”, “entendeu o recado, doutora?”.
Para o MPF, a ação civil pública movida pelo grupo de procuradores
do qual a procuradora Ileana Neiva Mousinho é integrante deve ter
como arena própria de debate o processo judicial. Além disso,
ressalta que não é contrário a qualquer forma de manifestação de
liberdade de expressão, entretanto, o empresário teria transbordado
os limites constitucionais, atingindo deliberadamente a honra de
servidora pública no exercício da função.
“As
ações promovidas pela procuradora regional do Trabalho são
decorrentes do exercício de sua atividade institucional, em defesa
dos direitos coletivos dos trabalhadores, sempre instrumentalizada
por meios de provas, submetendo suas imputações ao diálogo e à
possibilidade de ser firmado compromisso de ajustamento de conduta
entre as partes (MPT e empregador) - dentro dos parâmetros legais –
ou ao amplo contraditório, no âmbito da Justiça do Trabalho”,
reforça a denúncia.
A
ação tramita na Justiça Federal do RN sob o número
0809937-49.2017.4.05.8400.
Assessoria de Comunicação
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