terça-feira, 7 de novembro de 2017

Na margem da Justiça, Henrique Eduardo Alves sentou e chorou

por Dinarte Assunção e Bruno Giovanni
O medo, a culpa e o preconceito se confundem e formam o fio condutor do livro “Na margem do Rio Piedra, eu sentei e chorei”, de 1994, do escritor brasileiro Paulo Coelho. O que há de medo, culpa e preconceito no depoimento de Henrique Alves à Justiça Federal de Brasília nesta segunda-feira é uma incógnita. Mas os eventos de hoje podem recorrer ao título de Paulo Coelho, pois na margem da Justiça, Henrique Eduardo Alves sentou e chorou.
Quem assistiu à inquirição do ex-presidente da Câmara dos Deputados ao juiz Valnisley de Souza, da 10ª Vara Federal de Brasília, relata perplexidade. Todo o vigor de quem um dia foi presidente da República em exercício se traduziu em narrativa de tempos que não voltam mais e em sucessivos choros.
A impressão das testemunhas é um relato paradoxal: ora Henrique Eduardo Alves falava como se estivesse em um comício, historiando sua trajetória de luta no PMDB; ora se abatia em choro, que brotava em meio à tentativa de responder às perguntas do juiz.
A audiência girou por certo tempo em torno da conta no Merrill Lycnh, em Nova York, aberta em 2008 e na qual foram encontrados R$ 3 milhões de reais, depois transferidos para os Emirados Árabes e Uruguai. A acusação diz que foi dinheiro do petrolão.
Alves contou que abriu em conta durante viagem com sua ex-esposa, Priscila Gimenez. Segundo seu relato, ele foi ao banco na 5ª Avenida sem avisar a ex e abriu a conta, por orientação de Eduardo Cunha, para utilizá-la como destino de recursos de disputa familiar.
Não soube explicar, contudo, como o dinheiro chegou e como atravessou o oceano Atlântico até os Emirados Árabes e o Uruguai.
Henrique Eduardo Alves não respondeu às questões do Ministério Público Federal.
Funaro
Alves ainda admitiu que recebeu dinheiro de Lúcio Funaro na eleição de 2014.
“É verdade, ele trouxe [o dinheiro], não tem por que negar. Talvez de empresas que, em forma de doação, davam a minha campanha”, disse ele, sem especificar quais teriam sido as empresas que, em forma de doação, davam a minha campanha”.
Ele negou, todavia, que os recursos fossem contrapartida pelo esquema de corrupção no qual é investigado.

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