O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista à AFP,
divulgada nesta sexta-feira (2). Na ocasião, criticou a Justiça, a
imprensa, e voltou a afirmar que será candidato à presidência da
República nas próximas eleições.
Questionado sobre declarações
recentes, dadas por seus aliados políticos, de que haveria até mortes
caso ele fosse preso, Lula disse que “não trabalho com essa hipótese”.
“Só vou discutir essa hipótese quando acontecer. (…) O que estamos vendo
no Brasil nesse momento é quase um assalto ao poder, feito pelo Poder
Judiciário, representado pelo Ministério Público, pela Justiça Federal
de Curitiba e pela imprensa. Queremos acreditar que a Constituição seja
cumprida, que todas as instituições voltem a funcionar corretamente”,
avaliou.
Ele também falou sobre o lançamento de um nova “Carta aos
Brasileiros”, semelhante a que foi lançada em 2002 para falar sobre os
tremores na economia, que teriam sido provocados pela iminência de sua
vitória.
“É uma carta assumindo o compromisso com o povo, o que é o
que eu quero fazer neste país (…) É possível fazer as coisas diferente
do que está sendo feito. Você não tem que vender patrimônio público.
Você não tem que fazer corte na educação, na saúde, nas ciências e na
tecnologia para poder equilibrar as finanças publicas. Essa carta estou
trabalhando com muito carinho porque ela vai ser a base inclusive do
programa de governo que a gente está fazendo. Eu penso que mais alguns
dias, quem sabe uns quinze dias”, disse.
Lula ainda fez uma
análise sobre seus altos índices de rejeição, nas últimas pesquisas de
intenção de voto. O ex-presidente, no entanto, aparece em primeiro lugar
na disputa ao Planalto, e vence em todos os cenários.
“Nenhum
partido vai ganhar com 80% (…) Toda eleição, na verdade, ela mostra uma
divisão num país. Agora, o que é importante é que um governante que
ganha e os políticos que perdem precisam perceber que, terminadas as
eleições, acabada a disputa eleitoral, você tem que governar. Não vejo
problema de polarização, ela existe na sociedade, no futebol, na
religião, na política, na cultura. Não podemos temer a polarização”,
afirmou.
Segundo o petista, diariamente, ele pensa na
possibilidade de ser preso. “[A possibilidade] Passa todo dia [pela
cabeça]. Eu não tenho problema. O problema é que eu não tenho medo e não
estou preocupado. (…) Toda história tem consequências. Uma prisão pode
durar muito tempo, como a de Mandela, que durou 27 anos, ou pode durar
muito pouco tempo, como a de Gandhi”. “A única preocupação que eu tenho
nesse momento é tentar mostrar minha inocência. Se eles resolverem me
condenar e me prender, eles estarão condenando um inocente, prendendo um
inocente. Isso tem um preço histórico. Se querem tomar essa decisão,
vão arcar com a responsabilidade do que vai acontecer no país. Por isso é
que eu durmo tranquilo. Não vou para nenhuma embaixada, não peço asilo
político, não vou me esconder, não vou me matar. Eu vou brigar. A única
coisa que me motiva é brigar, porque eu tenho uma única coisa para
defender, que é minha inocência. Eu estou disposto a ir às últimas
consequências para provar minha inocência”, completou.
Lula também
fala na chance de, confirmada a candidatura dele, fazer uma agenda
internacional durante a campanha. “Se for confirmada minha candidatura,
eu quero fazer uma viagem por alguns países da América Latina. Tenho uma
palestra em Moscou, quero ver se vou o mês que vem, teria que ir a
China (…) mas tudo vai depender da agenda, porque tenho de fazer três
caravanas. Preciso acertar minha vida aqui dentro para poder viajar”,
pontuou.
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