Um conjunto de urnas funerárias de antigas tribos indígenas foi
encontrado de modo intacto pela primeira vez na Amazônia, cerca de 500
anos depois de terem sido enterradas pelos antigos habitantes da região.
Arqueólogos e pesquisadores descobriram os nove grandes vasos, da mesma
forma como foram enterrados, na Comunidade Tauary, que fica na cidade
de Tefé (AM), e agora fazem pesquisas com o material sobre a história da
sociedade que ocupou o local.
O trabalho foi feito por um grupo de mais de 20 pesquisadores, entre
antropólogos, biólogos, educadores e arqueólogos, pertencentes ao Museu
de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), ao
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), à Universidade
Federal do Oeste do Pará (UFOPA), à Universidade Estadual do Amazonas
(UEA) e à Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona.
O costume de
decorar cerâmicas com pinturas coloridas faz parte da Tradição Polícroma
da Amazônia, que se estende por um eixo horizontal desde a Cordilheira
dos Andes até o Rio Amazonas, no Brasil. Estima-se que os povos que
utilizavam a técnica viveram na região entre 600 A.C. e os primeiros
anos de 1.500 D.C., quando os europeus começaram a explorar a floresta.
De
acordo com pesquisadores do Instituto Mamirauá, que organizou a
expedição, outras seis urnas funerárias haviam sido encontradas no local
em 2013, de modo separado. Elas são comuns na Amazônia brasileira. "Mas
os pesquisadores costumam recebê-las da mão de moradores do local, que
de fato encontram os artefatos e os retiram da terra. Agora, escavar e
encontrar uma cova com as urnas dessa cultura, do jeito que estavam, e
realizar todo o registro científico, é algo inédito", explica o
arqueólogo Eduardo Kazuo.
Os objetos encontrados mantêm um padrão
da sociedade que vivia ali. Nas tampas das urnas foram desenhadas
cabeças humanas, e nos vasos é feita a representação dos corpos. Com o
diagnóstico e as anotações, será possível entender melhor como vivia a
sociedade.
“O interessante é que nenhum desses rostos estava
‘olhando’ para outro. Se uma urna foi enterrada com o rosto para cima, a
urna ao lado dela estava ‘olhando’ para baixo, e a seguinte estava
enterrada de lado. É como se elas não quisessem olhar uma para a outra.
As urnas seguiam uma ordem, claramente elas foram enterradas daquele
jeito e foi intencional”, conta Kazuo.
A escavação foi feita durante o mês de julho e divulgada na
última semana pelo Instituto Mamirauá do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações. O financiamento das atividades vem
da fundação norte-americana Gordon and Betty Moore.
Com informações do Instituto Mamirauá e da Agência Brasil.
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