Atuneiro Oceano Pesca I foi atacado por uma embarcação chinesa nesta sexta-feira, 23
O barco potiguar atacado por uma embarcação chinesa em águas
internacionais nesta sexta-feira, 23, deve chegar a Natal no sábado, 24,
para ser examinado pela Marinha. A previsão é do presidente do
Sindicato da Indústria de Pesca do Estado do Rio Grande do Norte
(Sindipesca-RN), Gabriel Calzavara. A embarcação Oceano Pesca I foi
atacada por um barco chinês a 280 milhas da costa de Natal.
Preocupado com novos ataques, o presidente do Sindipesca-RN espera
que as autoridades internacionais proíbam que essas embarcações
continuem pescando. De outro modo, ele avalia que a única solução para
proteção será “ir ao mar armado”. De acordo com Calzavara, os conflitos
em alto-mar acontecem em razão de uma disputa por cotas de captura de
atum entre países costeiros do oceano Atlântico, como o Brasil, e os que
não são.
“Precisamos acionar os fóruns internacionais e a Comissão
Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (Icaat) para,
por meio do Ministério das Relações Exteriores, exigir providências
para que esses barcos sejam proibidos de pescar. Não podemos ir para o
mar com medo de conflitos, ou será preciso navegar armado para poder
lidar com algo assim”, alertou.
Para ele, o ataque não foi a um barco, mas ao Brasil. “Estamos
trabalhando em um ambiente marítimo geopolítico internacional. Temos
direito de pesca e eles querem nos reprimir. Isso não é somente uma
agressão à empresa dona do barco, mas a todo país. O Oceano Pesca I é um
território brasileiro lá fora. É a mesma coisa que um estrangeiro
entrar no Brasil e nos atacar”, afirmou.
Segundo o presidente do Sindipesca-RN, várias nações pescam no oceano
disputando cotas de captura de atum, mas as costeiras, como o Brasil,
têm prioridade e despertam a irritação de outros.
“Em uma reunião com a Icaat, que possui 52 países membros, ficou
decidido que o limite de pesca anual é de 500 mil toneladas, divididas
entre os países. Esses países desenvolvidos na pesca como China,
Espanha, França e Japão não querem abrir mão das capturas. Acabamos de
sair de um fórum na Croácia, e a disputa era essa: eles vão perder cotas
em função dos países costeiros; não só do Brasil, mas dos países da
África”, explicou Calzavara.
Ataque
Nesta sexta-feira, 23, o Oceano Pesca I, embarcação atuneira potiguar
de 22 metros, foi atacada por um barco chinês de 42 metros em águas
internacionais, a 280 milhas da costa de Natal. De acordo com o que foi
narrado por Gabriel Calzavara, os brasileiros perceberam que os chineses
estavam em rota de colisão e tentaram alertá-los.
O comandante chinês, porém, manteve seu curso, confirmando, via
rádio, que intencionava afundar a tripulação brasileira. Os barcos
colidiram, e o casco do Oceano Pesca I foi furado com o choque. O
presidente do Sindipesca-RN informou que a embarcação potiguar só não
afundou porque abaixo da estrutura de aço, há um material de poliuretano
usado para conservação do peixe, que conseguiu reter a entrada da água.
Enquanto a tripulação chinesa fugia, os brasileiros conseguiram
remendar os danos do barco. Ninguém se feriu.
O Rio Grande do Norte é, hoje, responsável por quase 80% da produção
de atum no Brasil. A exportação é feita para Europa e países como
Estados Unidos e Japão.
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