Ao que tudo indica, até 2022 a demanda deve ser concluída. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Enraizado no Nordeste e consagrado por nomes como os pernambucanos Luiz
Gonzaga e Dominguinhos, também, o paraibano Jackson do Pandeiro, o forró
vem sendo pesquisado para se tornar um Patrimônio Cultural Imaterial
Brasileiro. O processo teve início em 2001, com o pedido de registro
junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
feito pela Associação Cultural Balaio Nordeste. Atualmente, as entidades
envolvidas realizam seminários e fóruns para debater o assunto e, ao
que tudo indica, até 2022 a demanda deve ser concluída.
Segundo a presidente da associação, Joana Alves da Silva, em
seguida, é a vez de solicitar junto à Organização das Nações Unidas
(ONU) o reconhecimento das Matrizes Tradicionais do forró como
patrimônio mundial. “Ele já é considerado um legado do Brasil, é um
ritmo muito arraigado, que gera emprego, renda e turismo. O país inteiro
cuida dessa identidade há muito tempo, mas ninguém tinha isso no papel
registrado. É um ofício que precisa ser reconhecido para que não morra
com quem faz”, afirma Joana.
Ela explica que o
processo de pesquisa e debate tem sido de extrema importância para
esclarecer não só para que serve o registro, mas, sobretudo, para
entender a relevância do cuidado com o bem. “Cada estado tem um conceito
de música, de instrumento, de dança. Estamos definindo o que é forró e
formalizando uma identidade”, complementa. Por isso, a solicitação junto
ao Iphan é das Matrizes Tradicionais e inclui as festas de São João, os
adereços e os estilos tocados e dançados em cada região. Para Joana, a
certificação também influencia nas políticas públicas para preservação e
respeito à raíz do forró.
Regulamentado em
2000, o registro do Iphan reconhece como patrimônio modos de criar,
fazer e viver, conhecimentos tradicionais, celebrações e formas de
expressões e saberes. “Ele se diferencia do material porque, enquanto um
tem as coisas, o outro tem os sujeitos humanos como detentores”,
explica o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan,
Hermano Queiroz. Ele destaca que a mobilização social nesse processo é
essencial e as pessoas podem e devem apresentar ao Estado o que entendem
sobre seus patrimônios.
Para obter o registro,
é necessário demonstrar a relevância do bem para a memória nacional,
sua continuidade histórica e de que forma ele carrega as referências
culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. “Ele não serve
apenas, como muitos pensam, como um simples título. Aponta expectativas
desde uma maior difusão de produção de conhecimento, sua valorização,
inserção nas escolas, como também privilegia a contratação de mestres e
detentores”, explica Queiroz.
O diretor do
Iphan afirma, contudo, que a salvaguarda do bem é transversal e não
depende única e exclusivamente do instituto. É fundamental engajar
outros atores políticos e da sociedade civil para implementar ações de
apoio e fomento. “Chamar a atenção para o sucesso da salvaguarda não
depende apenas do reconhecimento formal do Iphan. Somente será possível
se os poderes públicos municipais, estaduais e federais estiverem
engajados. A comunidade é a principal guardiã do seu patrimônio, é a
união que fará a força no sentido de engrandecimento do bem”, conclui.
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