Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Polícia Federal afirmou, por meio de nota, que a caberá à Justiça, "em
momento oportuno, definir o destino do material" apreendido na
terça-feira (23) com suspeitos de agirem como hackers.
A manifestação menciona entendimento da lei e contradiz o ministro
Sergio Moro (Justiça), que, conforme mostrou a Folha, avisou autoridades
na tarde desta quinta (25) que as mensagens capturadas pelo grupo
suspeito e preso pela PF seriam destruídas.
O
presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio Noronha,
afirmou à Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (25) que a informação foi
dada pelo próprio ministro por telefone.
"As
mensagens serão destruídas, não tem outra saída. Foi isso que me disse o
ministro e é isso que tem de ocorrer", disse o presidente do tribunal. A
comunicação foi confirmada à reportagem pela assessoria de Moro.
O
descarte de qualquer material apreendido em operações policiais é uma
decisão que cabe à Justiça e só pode ocorrer com decisão do juiz.
Na
nota, a PF disse ainda que a operação deflagrada nesta semana não tem
"como objeto a análise das mensagens supostamente subtraídas de
celulares invadidos".
A polícia também afirmou
que "o conteúdo de quaisquer mensagens que venham a ser localizadas no
material apreendido será preservado, pois faz parte de diálogos
privados, obtidos por meio ilegal".
Além de
Noronha, outras autoridades tiveram seus celulares atacados pelo grupo,
entre elas os presidentes da Câmara e do Senado e ministros do STF
(Supremo Tribunal Federal).
Para a Polícia
Federal, Walter Delgatti Neto, um dos quatro presos pela PF na
terça-feira, foi a fonte do material que tem sido publicado desde junho
pelo site The Intercept Brasil com conversas de autoridades da
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Conforme
revelou a Folha de S.Paulo, Delgatti disse à PF que encaminhou as
mensagens ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site, de forma
anônima, voluntária e sem cobrança financeira.
Em
depoimento ao Senado no dia 19 de junho, Moro defendeu que o site
Intercept Brasil, que divulgou as mensagens, entregasse o material para
ser periciado.
"Pega o material e entrega para
uma autoridade, sem prejuízo da publicação das matérias. Aí vai se poder
verificar por inteiro esse material, o contexto no qual ele foi
inserido e principalmente verificar se esse material é autêntico ou não.
Porque até agora não temos nenhuma demonstração da origem desse
material", declarou Moro na ocasião.
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