O número de mortos durante confronto com a polícia do Rio Grande do
Norte é o maior dos últimos cinco anos, comparado ao mesmo período dos
anos anteriores. Até o mês de agosto deste ano, já foram contabilizados
108 óbitos por intervenções policiais. Os dados são do Observatório de
Violência do RN (Obvio), em parceria com a Secretaria Estadual da
Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), e da Coordenadoria de
Estatísticas e Análises Criminais (Coine).
De acordo com o cientista e coordenador do Obvio, Ivênio Hermes, este
acréscimo foi ocasionado pelo déficit e envelhecimento do atual
contingente policial do estado. Ele acredita que estes problemas geram
“estresse” no policial que vai para a ação, por temer sua vida e dos
inocentes que possam estar ao redor, tomando atitudes mais “letais”.
“Este crescimento nas mortes não é uma realidade de hoje. É um salto
que a cada ano aumenta mais. Isto é reflexo do déficit e do
envelhecimento do contingente. Eles vão para o combate já nervosos e
estressados, sabendo que poderão estar suscetíveis a uma situação de
risco para eles e para as pessoas inocentes ao redor, portanto tendem a
ser mais letais durante o confronto”, explicou.
Segundo Ivênio, o “medo” do confronto com a polícia está sendo
reduzido, devido aos criminosos terem ciência dos problemas sofridos
pela polícia com relação ao seu contingente. Para ele, a situação é
semelhante à do Rio de Janeiro, em que os criminosos, por terem número
superior, afrontam mais as autoridades.
“Quando se tem uma supremacia numérica de policiais inibe que os
criminosos reajam. Mas como aqui no estado não existe isso, os bandidos
têm esta superioridade em quantidade e não temem entrar em confronto.
Eles sabem que pode não ter policial para dar apoio durante a ação.
Assim como é no RJ, eles sabem que tem número maior e fazem o que querem
por lá”, relatou.
Até agosto de 2018 ocorreram 105 mortes. Este é o ano que mais se
aproxima do quantitativo de 2019. O ano com o menor índice foi 2015, com
46 mortes.
*Com informações do Agora RN
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