A procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, pediu nesta quinta-feira, 22, que o presidente da República, Jair
Bolsonaro (PSL), vete o projeto de lei de abuso de autoridade, ou parte
dele. As informações foram divulgadas pela Procuradoria-Geral da
República.
Segundo a PGR, Raquel “explicou que ao
coibir o abuso de autoridade praticado por agentes de Estado, incluindo
magistrados, membros do Ministério Público, parlamentares que atuam em
comissões parlamentares de Inquérito (CPIs) e policiais, a lei não pode
enfraquecer as instituições do Sistema de Justiça, sem as quais o crime e
os ilícitos prosperam e os conflitos sociais seguirão sem solução.
Destacou nove artigos desse projeto que não podem deixar de ser
vetados”.
Raquel Dodge esteve no Palácio do
Planalto na condição de chefe do Ministério Público da União e
presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Para a
procuradora-geral, “o texto aprovado pelos parlamentares prevê tipos
penais abertos e imprecisos, o que pode intimidar magistrados,
promotores, procuradores e delegados de polícia no desempenho de suas
competências básicas”.
“Desse modo, traz insegurança jurídica e pode afetar o combate a crimes como a corrupção e a lavagem de dinheiro”, afirma a PGR.
“A Justiça pública substitui a vingança
privada e, para isso, precisa de uma estrutura jurídica à altura do
desafio de punir criminosos sem hesitação, sem medo e sem excessos. O
Sistema de Justiça enfraquecido não contribui para a paz social, pois é
incapaz de resolutividade”, defende Raquel.
Durante o encontro com o presidente da
República, além da Lei de Abuso de Autoridade, que aguarda sanção ou
veto presidencial, Raquel Dodge, segundo a PGR, “também tratou de graves
problemas brasileiros e, nessa linha, da definição da chefia do
Ministério Público da União (MPU) – outro tema institucional que aguarda
deliberação presidencial”.
A PGR detalhou ao presidente a sua
compreensão de que “a democracia liberal brasileira depende de
instituições fortes, que reconheçam o regime de leis e atuem nos
estritos limites de independência e harmonia estabelecidos na
Constituição”.
Ao tratar da sucessão na PGR, Dodge
realçou que a instituição é muito importante para o país. “O MP
brasileiro zela pelo interesse público, pelo desenvolvimento do Brasil e
pelo desenvolvimento humano, pois a Constituição lhe deu a nobre missão
de atuar pela melhoria das políticas públicas que asseguram direitos e
promovem o bem-estar de todos”.
A PGR afirmou ainda que o Ministério
Público respeita e promove o respeito às instituições de Estado e tem o
dever de acionar o sistema de freios e contrapesos previsto na
Constituição para que cada um dos Três Poderes tenha suas competências e
prerrogativas legais asseguradas e convivam em harmonia para o bem da
nação.
“O grande Ministério Público brasileiro
(da União, do DF e dos Estados), na soma da atuação de cada membro, tem a
nobre missão de promover o projeto de sociedade e de país prometido
pela Constituição”. Ao fim da reunião, a PGR avaliou de forma positiva o
encontro, reiterando a importância de o presidente estar bem informado
sobre o modo de funcionamento do MP para a tomada de decisões.
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