Tartaruga é encontrada morta no Porto das Dunas, no Ceará, nesta segunda-feira (14)
O petróleo cru encontrado nas praias do Nordeste nos últimos meses
pode ser a principal causa da morte de tartarugas marinhas nos últimos
dias. Desde o início de setembro, já foram contabilizadas 21 tartarugas
sem vida no litoral cearense, segundo o Instituto Verdeluz, responsável
por fazer a necropsia dos animais. Além das 21 registradas oficialmente
pelo instituto, no último fim de semana foram localizadas mais duas
tartarugas mortas na Praia da Taíba, litoral Oeste do Ceará, e outro em
Beberibe, litoral Leste, totalizando 23 casos.
Dessas 23 tartarugas, as seis analisadas pelo Instituto apresentaram
óleo visível e uma estava contaminada com a substância no intestino.
Segundo Débora Melo, voluntária do Verdeluz e estudante de oceanografia,
"algumas tartarugas apresentavam interação com pesca (como nadadeiras
amputadas e enroscadas em artes de pesca). Além disso, muitas não
puderam ser necropsiadas para saber a causa da morte por conta do
elevado estado de decomposição ou por terem sido encontradas fora de
Fortaleza, não havendo transporte para realizar o procedimento", afirma.
Conforme a estudante, outra questão preocupante é que mesmo não tendo
sido encontrado óleo visualmente na região externa do animal, ele pode
estar contaminado pelo óleo internamente, "pois essa substância é
considerada bastante nociva à sua saúde e se instaura nos órgãos".
"Como a ONG Aquasis, responsável por receber o animal oleado, não
pode fazê-lo se não estiver nessas condições, não temos como avaliá-lo.
Quando podemos, enviamos para análise no Centro de Triagem de Animais
Selvagens (Cetas) do Rio Grande do Norte", explica.
Desova ameaçada
Segundo a voluntária, entre os meses de outubro e maio acontece a
desova das tartarugas marinhas nas areias da Praia do Futuro e da Praia
da Sabiaguaba, em Fortaleza, o que está sendo motivo de alerta para
ambientalistas que monitoram o litoral.
De acordo com o boletim divulgado no último domingo (13), pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), 10 pontos do litoral cearense foram afetados pelo petróleo
cru. Ainda no relatório, foram registrados três animais mortos, duas
tartarugas e uma ave. Os vestígios de óleo preocupam agora o nascimento
de novos animais, que deve começar a acontecer nos últimos meses deste
ano.
Conforme informou a Prefeitura de Fortaleza, por nota, nas últimas
visitas à Praia da Sabiaguaba foi observado que o local está sob
controle quanto aos resíduos de óleos que foram encontrados. O órgão
disse ainda que realiza o monitoramento do local para verificar se mais
resíduos chegaram à orla para fazer as retiradas necessárias.
A orientação para quem encontrar tartarugas mortas, segundo o
Verdeluz, é medir o comprimento e a largura do casco, pegar as
coordenadas do local e tirar fotos da ocorrência, repassando todo o
material à ONG.
Em caso de encalhe de animal vivo é preciso, primeiramente, contactar
o Instituto Verdeluz, pois o manejo de tartarugas marinhas só deve ser
realizado por meio de uma licença do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "Enquanto espera a
chegada da equipe, em caso de encalhe vivo, isolar a área, oferecer
sombra, manter o animal na areia com tecidos úmidos sobre o casco",
disse o Verdeluz em nota. Outra orientação é nunca manter o animal
virado com o ventre para cima. As ações devem ser feitas por
profissionais.
*Com informações do Diário do Nordeste
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