Foi dado nesta segunda-feira um novo e importante passo para
o Rio Grande do Norte iniciar uma nova era no campo da mineração, mais
precisamente, a exploração do ouro na cidade de Currais Novos, situada
na região do Seridó.
O Governo do Estado e a empresa Cascar Brasil
Mineração assinaram na tarde desta segunda-feira (21), na sala de
reuniões da governadoria, o protocolo de intenções para a implantação e
desenvolvimento do Projeto Borborema.
A governadora Fátima Bezerra e o presidente
da companhia, Andrew Richards, são os principais signatários do
documento que visa encaminhar uma série de ações necessárias para o
início dos trabalhos, previsto para o segundo trimestre de 2020, como a
questão fundiária, realocação de rodovia, concessão e licenciamento
ambiental.
O protocolo contempla a inclusão da empresa
no Programa de Estímulo à Indústria (Proedi), pelo qual será beneficiada
inicialmente com desconto de 85% no ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), que poderá aumentar até para 95%, caso a
companhia obedeça a alguns critérios relativos à geração de empregos e
sustentabilidade. “O governo não tem medido esforços para aumentar o
grau de competitividade do Rio Grande do Norte, como é o caso do Proedi.
Aqui nós trabalhamos assim, emprego sim, incentivo sim. E queremos
incentivar cada vez mais a interiorização da indústria”, afirmou Fátima.
O empresário Andrew Richards agradeceu todo o
apoio recebido do governo e das outras instituições envolvidas no
protocolo, alegando que somente assim a Cascar poderá avançar nos seus
propósitos. “Apesar de ser um projeto grande, o teor de ouro será baixo e
este apoio é extremamente importante para conseguirmos iniciar os
trabalhos”, disse. O projeto Borborema ocupará uma área de 490 hectares,
somando o setor de extração mineral e o beneficiamento para obtenção de
ouro, e deverá gerar 200 empregos diretos, inicialmente, podendo chegar
a 300, e cerca de 1.500 indiretos. O empreendimento terá a capacidade
de processar até 4,2 milhões de toneladas/ano e está na área de
concessões de lavra vinculada aos processos da ANM (Agência Nacional de
Mineração).
Para a construção da plataforma de operação, a
previsão é de que serão investidos R$ 200 milhões. O secretário Jaime
Calado (Desenvolvimento Econômico/Sedec) falou que ele e sua equipe têm
trabalhado para atrair as indústrias de segmentos que ainda não tem por
aqui. “A vinda da Cascar abre portas para outras empresas de mineração
virem para o RN”, disse. O coordenador da Secretaria de Estado da
Tributação (SET), Neil Armstrong, falou acerca das novas regras do
Proedi, que beneficia empresas que se instalem longe da região
metropolitana. “A interiorização é muito importante para o Proedi, tanto
quanto para as empresas e para a população”, afirmou.
A assinatura do protocolo envolve, por parte
do Governo, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
(Idema), para emissão de licenças de exploração, e a Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), tratando do reuso de esgoto na
mina. O assessor técnico do Idema, Francisco Josivan do Nascimento,
explicou que foi concedida autorização para a empresa explorar o local
pelos próximos quatro anos. “Como a extração de ouro demanda água e lá
vai ter reuso, isso foi um condicionante favorável a eles”, alegou. A
Cascar terá de investir R$ 1,2 milhão a título de compensação ambiental,
recursos esses que serão revertidos em unidades de conservação do
estado.
O prefeito de Currais Novos, Odon Júnior, e o
vice, Anderson Alves, falaram do trabalho que têm feito para atrair
indústrias para a cidade, incluindo benefícios fiscais, ora em estudo.
“O Proedi tem um importante aliado para nós”, declarou Odon. O
representante da Agência Nacional de Mineração (ANM), Roger Garibaldi
Roger, citou que em todas as atividades de extração mineral, o
empreendedor tem que recolher 2% a título de Compensação financeira pela
Extração Mineral (CFEM), que são divididos entre município e estado. “O
RN tem no mínimo 50 substâncias minerais que podem ser exploradas”,
reforçou. A representante da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM), Maria da Guia, falou que a companhia está aberta a compartilhar
as pesquisas com a Cascar. “Estamos abertos e otimistas quanto ao novo
empreendimento”.
Representando a UFRN, o professor Uílame
Umbelino enfatizou a vocação que a universidade federal tem para a área
de mineração, fato também compartilhado pelo reitor do IFRN, Willis
Farkat. Este destacou a criação o CT Mineral (Centro de Tecnologia
Mineral), que está sendo um importante braço para as pesquisas
geológicas na região do Seridó. “Teremos um papel no planejamento
estratégico do Projeto Borborema, por meio de análises periódicas no
nosso CT Mineral, além de contribuirmos com a formação de mão de obra
especializada”, pontuou Farkat.
Na opinião da governadora, o IFRN não cumpre
apenas o papel de democratizar o acesso aos cursos profissionalizantes,
mas somado a isso, os IFs cumprem papel estratégico para o
desenvolvimento econômico do RN. “Eu não escondo minha emoção por ter
lutado, enquanto parlamentar, pela inclusão de Currais Novos no plano de
expansão do instituto federal e hoje ele está contribuindo
consideravelmente para o crescimento do estado”, expôs.
Integram ainda o protocolo a Cosern,
representada na reunião pelo presidente Luiz Antônio Ciarlini; Agência
Nacional de Mineração (ANM); Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) e Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT). Participaram também da reunião o vice-governador
Antenor Roberto; o gerente do Banco do Nordeste (BNB), Lívio Tonyatt
Barreto; o diretor operacional da Cascar Mineração, João Nery, e a
diretora administrativa, Diana Uchoa; o diretor-presidente da Caern,
Roberto Sérgio Linhares; a supervisora do setor de mineração do Idema,
Ana Valéria Medeiros; e a geóloga responsável pelo projeto Borborema,
Jocienny Barros.
SOBRA A CASCAR NO RN – Em
abril, o Idema entregou a licença de instalação para a Cascar, empresa
de origem australiana, com sede administrativa no Brasil, em Belo
Horizonte (MG), aprovando a viabilidade ambiental do empreendimento. A
empresa também firmou entendimento com a Caern para reaproveitar a água
das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’s) em Currais Novos, que irá
por uma adutora até a mina, onde será usada para filtrar o rejeito da
exploração do ouro e transformar em rejeito seco. Parte da direção do
grupo visitou a governadora Fátima Bezerra em junho para discutir os
investimentos.
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