Pirangi do Norte: uma das praias potiguares que voltaram a ver manchas de óleo. Crédito: enioprado/Wikimedia
Da Agência Brasil – O governo federal notificou 11 países cobrando
esclarecimentos sobre 30 navios mapeados dentro da investigação sobre a
origem do vazamento de óleo que atingiu diversas praias do Nordeste. A
informação foi dada pelo coordenador de operações navais da Marinha,
almirante de esquadra Leonarndo Puntel, em entrevista a jornalistas no
sábado (26).
A investigação conduzida pela Marinha trabalha com a tese de que o
responsável teria sido um navio-tanque. A apuração inicial avaliou 1.500
embarcações e afunilou a análise para 30 veículos marinhos de 11
países. O comandante não detalhou que nações estariam neste grupo, mas
disse que o requerimento pede informações para os governos para saber
se têm conhecimento de algum acidente.
Os 30 navios estão entre os que passaram pela costa do Nordeste no
período, identificados por fazerem comunicações por sistemas marítimos.
Conforme Puntel, os investigadores calculam que o vazamento teria
ocorrido no mês de agosto, com o óleo chegando às praias no fim
daquele mês.
O almirante não descartou a possibilidade de que o episódio tenha sido causado por embarcações não oficiais, denominadas “dark ships”.
Neste caso, contudo, a apuração será mais complexa e terá de envolver
outras fontes de informação, como análise de imagens de satélite.
Puntel declarou que não é possível afirmar que o veículo era
venezuelano. Mas que pesquisas da Petrobrás teriam identificado o óleo
como proveniente daquele país. “Laudo da Marinha concluiu que óleo não
era brasileiro. O laudo da Petrobrás foi além, porque tem amostras de
óleos de outros países. Ele é de bacias venezuelanas. O navio a gente
não sabe”, comentou.
Manchas
A coordenadora-geral de emergências ambientais do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Fernanda Pirilo, afirmou na entrevista coletiva que não há novo óleo nas
praias.
“Não há mais chegada de óleo novo, mas algumas praias ainda têm
vestígio de óleo, temos os pontos identificados em que ainda há óleo
residual, a maioria nos estados de Pernambuco e Bahia”, pontuou.
O comandante Leonardo Puntel acrescentou que a despeito da
dificuldade de monitorar a evolução das manchas, dado que elas se
deslocam debaixo da água a partir das correntezas marinhas, o exame
realizado pelos órgãos envolvidos no grupo de acompanhamento detectou
que houve um decréscimo da quantidade.
“As manchas de óleo tiveram dinâmica diferente. No início de
setembro e outubro ela estava tranquila, não tinha grandes quantidades.
Teve período na semana passada que houve aumento do volume no óleo na
Bahia, Sergipe, Alagoas e Sul de Pernambuco. E este volume começou a
decrescer agora”, observou.
A coordenadora do Ibama orientou a população dos locais a não entrar
em contato com a substância. Já as condições de banho de cada praia são
avaliadas pelos órgãos de saúde dos estados e municípios e devem ser
verificadas juntamente a esses órgãos.
Brasília
O grupo de órgãos federais encarregados da coordenação das atividades
mudou sua base para Brasília. Durante esta semana, várias autoridades
do governo federal estiveram em Pernambuco. O comandante da Marinha
relatou que ainda permanecem coordenações locais montadas em Recife e
Salvador.
A coordenadora de emergências ambientais do Ibama acrescentou que a
mudança facilita a atuação do grupo, já que aproxima seus integrantes do
centro de decisão política do país. Questionada por jornalistas, ela
negou dificuldades na interlocução das entidades tanto em relação ao
Executivo quanto no tocante a administrações estaduais.
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