O orçamento do Bolsa Família para este ano é insuficiente para que
o presidente Jair Bolsonaro cumpra a promessa de pagar um 13º para os
beneficiários, segundo análise de técnicos do Congresso.
De acordo com nota técnica do Legislativo, faltam R$ 759 milhões na reserva do programa para garantir os pagamentos neste ano.
Se
não houver suplementação de recursos, cerca de 4 milhões de pessoas
poderão ficar sem receber o benefício. O número é aproximado porque
depende do valor do benefício pago a cada família.
O adicional
natalino, como é chamado por integrantes do governo, foi anunciado por
Bolsonaro e pelo ministro Osmar Terra (Cidadania) em outubro.
Para implementá-lo, Bolsonaro assinou uma medida provisória, que tem
validade imediata, mas precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120
dias.
Nessa tramitação, a nota técnica elaborada pela Consultoria
de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado serve para subsidiar
deputados e senadores, que irão analisar a adequação da MP às leis
orçamentárias.
O documento do Legislativo concluiu que a MP fere
normas legais ao não prever de onde sairão os recursos para bancar os
gastos com o Bolsa Família neste ano.
Responsável pelo
gerenciamento do programa, o Ministério da Cidadania havia informado, em
outubro, que o 13º seria garantido por um aumento de R$ 2,6 bilhões no
orçamento do programa.
Isso foi feito, e, para este ano, ficaram
previstos R$ 32 bilhões para a transferência de renda a pessoas em
situação de pobreza e de extrema pobreza.
Do total, R$ 25,2 bilhões já foram usados até outubro. Por mês, os desembolsos somam, em média, R$ 2,5 bilhões.
Para o restante do ano, o governo precisa desembolsar mais R$ 7,6
bilhões com as parcelas de novembro, dezembro e o 13º. Pelas contas dos
técnicos do Congresso, porém, faltarão os R$ 759 milhões para fechar a
conta.
“Verificou-se o não atendimento de preceitos legais
estabelecidos tanto pela LRF [Lei de Responsabilidade Fiscal] quanto
pela LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] de 2019”, concluiu a nota
técnica.
Procurado, o Ministério da Cidadania disse apenas que o
13º será garantido, mas não explicou como buscará recursos extras. O
Ministério da Economia não se manifestou.
Para que a situação seja
normalizada, o governo pode editar uma portaria remanejando recursos
entre órgãos do Ministério da Cidadania.
Outra alternativa é o
envio ao Congresso de um projeto de lei orçamentário com uma
suplementação de verbas. Nesse caso, a medida dependerá de aval do
Legislativo, que precisará avaliar o pedido antes que o recurso acabe.
O
Bolsa Família atende pessoas que vivem em situação de extrema pobreza,
com renda per capita de até R$ 89 mensais, e pobreza, com renda entre R$
89,01 e R$ 178 por mês.
Em outubro, a cobertura do programa foi de 13,5 milhões de famílias. O benefício médio foi de R$ 189,86 por família.
No
governo Bolsonaro, o programa vem regredindo, após atingir o auge em
maio, quando a cobertura chegou a 14,1 milhões de famílias.
*Com informações da Folha de S. Paulo
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