Foto: Divulgação
Ir à praia, andar na areia e entrar na água pode ser o programa ideal para quem vive perto do mar. No entanto, imagine o desafio que é para um cadeirante se deslocar pela areia e ter esse momento de lazer.
Após ouvir o relato sobre as dificuldades de um cadeirante da cidade
de Natal (RN) para ir à praia, um estudante do Instituto Federal do Rio
Grande do Norte quis mudar essa realidade e teve a ideia de criar um
veículo adaptado.
O projeto do estudante Iago Souza ganhou o apoio da colega Maraysa
Araújo e dos docentes Artur Salgado e João Teixeira. Eles desenvolveram o
Crab, palavra em inglês que significa caranguejo, numa referência à
habilidade do animal de andar na areia.
Diferente das rodas finas da cadeira de rodas que logo afundam, o
veículo tem seis rodinhas largas com um sistema de tração. A cadeira de
rodas sobe na plataforma do Crab por uma rampa e é possível “dirigir” o
veículo usando um controle remoto.
O primeiro protótipo em escala real foi produzido e, duas vezes por
ano, faz demonstrações na orla de Natal levando os cadeirantes até a
faixa de areia próxima ao mar. O Crab tem capacidade para transportar
uma cadeira de até oitenta quilos. A bateria é alimentada por energia
solar e chega a durar sete horas.
Um dos idealizadores do projeto de acessibilidade, o diretor de
Inovação Tecnológica do campus Natal-Zona Norte do Instituto Federal do
Rio Grande do Norte, João Teixeira, diz que o grande mérito do Crab é
devolver a autonomia para quem tem dificuldade de locomoção.
“Demonstra a expansão do mundo dos cadeirantes. Eles têm dificuldade
de locomoção, de ter acesso a lugares, algo que deveria ser um direito
garantido. É necessário que haja políticas públicas que possibilitem
levá-los a lugares onde há dificuldade de acesso, como é o caso da
praia”, disse Teixeira.
O garoto João Gabriel Andrade, de 8 anos, participou do projeto desde
o início e já foi à praia duas vezes usando o Crab. A mãe, Juliana
Andrade de Castro, conta que o filho ficou encantado. “O projeto é
fantástico. O carro ajudou, porque são os pés dele. Para ele foi
maravilhoso e, pra mim, mais ainda. Ele inclusive conseguiu controlar o
carro, então ficou encantado”, relatou.
A experiência foi muito diferente de outro passeio que eles fizeram à
praia, que terminou com os pais carregando o menino e a cadeira de
rodas. “Tentei uma vez e quase morro. Andei dois metros e tivemos que
colocar a cadeira num braço e ele no outro. É impossível andar com a
cadeira na areia fofa”, disse. Para ela, o ideal é que um número maior
de crianças, também de outros estados, pudesse ter acesso ao Crab.
Projeto de expansão
A meta agora é expandir a iniciativa e levar o Crab a outras praias
do País. O diretor João Teixeira conta que a equipe vai buscar parcerias
ou mesmo transferir tecnologia para que mais unidades do veículo sejam
produzidas.
“Esperamos ter o apoio de instituições, do governo, para que a gente
possa desenvolver esse veículo em maior quantidade e disponibilizar nas
praias do Brasil”, explicou.
A experiência do Crab foi apresentada em eventos no Brasil e no
exterior e recebeu prêmios, na Feira Brasileira de Ciências e
Engenharia, em São Paulo, e na Mostra Internacional de Ciência e
Tecnologia, no Rio Grande do Sul. A invenção ainda levou o primeiro
lugar na Infomatrix, feira realizada no México.
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