O
Ministério Público do Rio Grande do Norte deflagrou nesta segunda-feira
(9) a operação Cabresto, que apura a suposta doação irregular de
terrenos pela Prefeitura de Jucurutu para fins eleitoreiros. Os casos
teriam acontecido próximo ao pleito de 2016. Ao todo, 616 terrenos foram
doados, num desvio estimado em R$ 4,5 milhões, de acordo com os
investigadores.
Ainda
segundo o MP, o ex-prefeito George Retlen Costa Queiroz teria montado
uma “central de doação de imóveis”, concedendo direitos reais de uso dos
terrenos para várias pessoas, sem observar o procedimento legal, nem a
necessidade dos favorecidos, além de não contar com manifestação
jurídica, publicidade e autorização do poder legislativo.
Foram
cumpridos nas casas dos investigados e na sede de uma empresa, 11
mandados de busca e apreensão, nos municípios de Jucurutu e Natal, com a
participação de 12 promotores de Justiça, 17 servidores e 38 policiais
militares.
Conforme
o MP, do total de terrenos doados, 487 bens públicos foram entregues a
particulares nas proximidades da eleição municipal de 2016, quando o
ex-prefeito era candidato à reeleição. Ao todo, os bens que teriam sido
desviados pelos integrantes do grupo criminoso foram avaliados em R$
4.546.080,00, com determinação de sequestro de tal valor pelo Juízo da
27ª Zona Eleitoral.
O
grupo delituoso teria atuado sob o comando do ex-prefeito e da suposta
idealizadora do esquema, uma ex-secretária municipal. Além deles, o MP
Eleitoral apura a participação de dois servidores, três vereadores e um
empresário. Os vereadores não só teriam auxiliado na concessão de
terrenos, como obtiveram imóveis públicos para si ou seus parentes,
segundo informou o MP.
De
acordo com linhas de investigação, servidores públicos ocupantes de
cargos comissionados, familiares de funcionários públicos e outras
pessoas que não precisavam de recebimento de imóvel, teriam sido
beneficiados pelo esquema de agraciamento de correligionários, em
detrimento de pessoas que necessitam de programas habitacionais.
Para
tanto, o ex-prefeito atendia pessoalmente os futuros beneficiários em
seu gabinete ou até mesmo nas ruas, comunicando a concessão verbalmente e
determinando às suas auxiliares que preparassem todos os documentos
necessários à concessão, emitindo pareceres ideologicamente falsos sobre
renda familiar ou local de moradia dos agraciados.
Ainda
de acordo com a investigação, o empresário seria peça importante no
esquema criminoso, agindo como se fosse servidor público e realizando
atendimentos na sede da Prefeitura, onde concedia imóveis em nome do
ex-prefeito. Um servidor era o responsável pela escolha dos terrenos.
Dessa
maneira, conforme o MP, o ex-prefeito “doou” vários imóveis públicos a
particulares apoiadores ou seus eleitores, sem que as pessoas
precisassem, bastando estar do lado político do prefeito.
Ainda
de acordo com os promotores, há indícios de que os terrenos foram
concedidos diretamente para vereadores, para o empresário e à
secretária, utilizando “laranjas”, os quais constaram formalmente como
beneficiários.
“O
MP Eleitoral agora, diante de todo o conjunto de material probatório,
irá debruçar-se sobre o conteúdo apreendido, que servirá para confirmar,
ou não, as suspeitas iniciais, sendo o próximo passo do planejamento da
investigação a análise global das evidências, no que se resultará em
oferecimento da denúncia ou arquivamento dos autos”, informou.
Fonte: G1RN
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