Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto, mais conhecido como Assis, irão
permanecer em prisão preventiva no Paraguai, acusados de posse de
documentos paraguaios adulterados, informou a justiça do país no sábado
(07/3).
“Eles cometeram um ato punível grave que atenta contra o Estado”,
declarou em coletiva de imprensa em Assunção a juíza paraguaia Clara
Ruiz Díaz ao justificar a decisão de manter Ronaldinho e seu irmão
detidos.
Os irmãos foram levados em comboio policial até a sede do Grupamento
Especializado da Polícia, quartel onde passaram a noite de sexta-feira
(06/3) e para onde voltaram após deporem por cerca de sete horas neste
sábado.
A juíza Ruiz Díaz admitiu que os advogados de Ronaldinho pediram prisão domiciliar para o astro e seu irmão, mas que o pedido não foi aceito porque o caso não apresenta os requisitos necessários.
“Eles entraram e permaneceram de maneira ilegal no país. Foram
reunidos os requisitos exigidos para a prisão preventiva no Grupamento
Especializado da Polícia”, completou a juíza, acrescentando que a
investigação terá legalmente seis meses para reunir provas.
Ronaldinho Gaúcho e Assis haviam apresentado passaportes paraguaios
adulterados às autoridades de imigração ao desembarcarem no aeroporto
internacional de Assunção, na quarta-feira (04/3).
O promotor Angelo Legal admite que os dois irmãos estejam envolvidos em outros atos criminosos.
“Eles estão sendo processados por uso de documentos de conteúdo
falso. O passaporte que eles utilizaram para entrar no Paraguai foi
emitido por autoridades legais, mas os dados contidos nos documentos
foram adulterados. A acusação contra eles é pela utilização desses
documentos. Essa investigação ainda está no início e podem haver outros
atos criminosos que envolvam o Ronaldo e o Assis. É importante que eles
sigam aqui no Paraguai durante esse processo”, disse o promotor em
entrevista ao globoesporte.
“Irracional, arbitrária e leviana”
O advogado que representa Ronaldinho e seu irmão, Tarek Tuma,
classificou de “irracional, arbitrária e leviana” a decisão da juíza,
garantiu que seus clientes “não cometeram qualquer crime contra a
República do Paraguai” e que irá recorrer imediatamente.
Ainda segundo Tuma, a juíza “violou o código penal e a Constituição”
paraguaia, já que “o sistema paraguaio permite dar uma saída se a pessoa
reconhece que o documento usado não é válido”.
O advogado lembrou também que o primeiro promotor responsável pelo
caso, Federico Delfino, havia decidido liberar Ronaldinho e seu irmão.
A Procuradora-Geral do Estado, Sandra Quiñonez, ordenou a
substituição dos promotores do caso, que recomendavam a liberdade dos
brasileiros.
O novo representante do Ministério Público no processo, Osmar Legal,
ordenou a captura de ambos e seu encaminhamento para a sede do
Grupamento Especializado.
O advogado de Ronaldinho afirmou que o ex-jogador admitiu o uso de documento falso. “Ele aceitou o fato pelo qual está sendo acusado”, disse.
Ronaldinho “se submeteu ao processo, ofereceu uma reparação, mas mesmo assim teve imposta a prisão preventiva”, lamentou Tuma.
Em 2019, Ronaldinho Gaúcho foi nomeado embaixador do Turismo do Brasil pelo presidente Jair Bolsonaro. EM 2018, Barcelona não concordou com apoio de Ronaldinho a Bolsonaro na campanha presidencial.
Perguntas e respostas do caso de passaportes falsos de Ronaldinho Gaúcho e Assis:
Que documentos os dois irmãos apresentaram no setor de migração de Assunção?
De acordo com a polícia paraguaia, os dois saíram do Brasil usando identidades nacionais (brasileiras) e ao desembarcarem em Assunção teriam recebidos passaportes paraguaios adulterados – documentos teriam sido emitidos em dezembro de 2019.
Quem entregou os documentos falsos a Ronaldinho e Assis?
De acordo com a polícia paraguaia, o empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira, 45 anos, teria sido responsável pela entrega. Wilmondes foi preso em Assunção quando jantava com o ex-jogador e seu irmão em um hotel de luxo, o Hotel Resort Yacht y Golf Club, em Assunção, na quarta-feira (04/3). Em depoimento à polícia, Wilmondes disse que entregou os passaportes a Ronaldinho e Assis há 30 dias.
Ronaldinho e Assis fizeram algum processo para obter nacionalidade paraguaia?
“Eles não fizeram nenhum processo para obter a nacionalidade paraguaia. Disseram que foi um presente das pessoas que o trouxeram ao país. Segundo entendemos, fizeram a imigração paraguaia com este documento, mas saíram do Brasil com documentação brasileira”, responde o promotor Federico Delfino.
Por que Ronaldinho e Assis apresentaram passaportes paraguaios no desembarque em Assunção se poderiam ter entrado no Paraguai com carteiras de identidade (RG) do Brasil, conforme prevê acordo do Mercosul?
O ex-jogador e seu irmão ainda não responderam – até o fim da tarde desta quinta-feira – os motivos de apresentar passaportes paraguaios no aeroporto se nem cidadania paraguaia eles têm.
Ronaldinho e Assis poderiam ser presos por falsificação de documentos?
Segundo advogados paraguaios consultados pela imprensa local, os dois corriam risco de detenção de 6 meses a 10 anos ou pagar multa estipulada pela Justiça do Paraguai. Nesta noite de sexta-feira (06/3), após longo depoimento ao Ministério Público do Paraguai, Ronaldinho e Assis foram detidos em um quartel em Assunção.
Quais os motivos da viagem de Ronaldinho e Assis ao Paraguai?
O ex-jogador foi a um evento para arrecadação beneficente para crianças e lançar sua biografia “Gênio na vida” e ainda participar de inauguração do Cassino Pallazzo, em Assunção. Um dos investidores deste cassino é o empresário Nelson Bellotti, envolvido em investigações da Lava Jato.
(com AFP)
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