Uma bebê de três meses diagnosticada com o novo coronavírus (SARS-Cov-2) morreu na sexta-feira (3), na cidade de Iguatu, no interior do Ceará. A criança foi encaminhada a um hospital no município em 30 de março com dificuldades respiratórias e faleceu em decorrência de complicações como bronquiolite e pneumonia.
O exame que detectou o coronavírus foi feito no dia em que a criança
faleceu, a partir de amostras de secreções. A secretaria de Saúde do
município confirmou o resultado positivo do teste. O Ceará possui 1.013
casos de Covid-19 confirmados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa),
de acordo com dados atualizados nesta segunda-feira (6). Ao todo, 29
pessoas morreram.
A bebê começou a apresentar sintomas parecidos com os de uma gripe no
dia 5 de março e foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Depois de atendida, a criança voltou para casa com a recomendação do uso
de antialérgicos e vitaminas.
Os pais da bebê afirmaram que não suspeitaram da doença porque a menina
apresentava problemas de saúde desde o nascimento, quando foi
diagnosticada com Síndrome de Bartter - uma alterações nos rins que
afeta a taxa de potássio no sangue.
Devido à síndrome, elafazia acompanhamento no Hospital Infantil Albert
Sabin, em Fortaleza, para onde os pais e a criança viajaram no dia 11 de
março. “Quando a gente se deslocou para ir para Fortaleza, no dia, ela
não teve contato com ninguém. A consulta dela foi à tarde, mas estava só
eu e ela. Eu fiquei na casa de uma colega até a hora da consulta pra
gente não ficar exposta na rua”, conta a mãe da criança.
Após a viagem, no dia 30 de março, as dificuldades da criança para
respirar aumentaram e os pais levaram a menina novamente à UPA. De lá, a
paciente foi encaminhada ao hospital onde ficou até falecer. “Depois
que entubaram, ela teve três paradas cardíacas e saiu uma secreção como
se fosse sangue”, lembra uma familiar.
Cidade em alerta
Depois do diagnóstico da filha, a família conta que a vizinhança passou a sentir receio da disseminação no vírus na região.
“Eu quero uma explicação detalhada. Se for preciso fazer o exame, faz
eu, minha esposa e minhas duas filhas. A gente não pode sair aqui fora
que as pessoas ficam com outros olhos, assustados como se a gente fosse
um fantasma, como se fosse um bicho de outro mundo”, diz o pai da
criança.
O pai diz que fotos da criança foram divulgadas em páginas da internet
gerando desconforto, principalmente, para as irmãs da criança. “Nós
estamos sofrendo muito, isso é uma falta de ética. Tem foto minha, foto
da minha minha filha nas redes sociais, isso é muito constrangedor”,
destaca.
O secretário de Saúde de Iguatu, Georgy Xavier, confirmou que a criança
estava infectada pelo novo coronavírus. Ele se solidarizou com a família
e disse que não expôs os nomes de pacientes.
“Esclarecemos aqui, nesse momento, que quando o paciente é testado
positivo ou negativo não significa que seja a causa da morte, mas a
presença do vírus no organismo dessa pessoa”, acrescenta.
Do G1
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