A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu da decisão do ministro
Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), de obrigar o governo a
entregar a gravação da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria
ameaçado demitir o então ministro da Justiça, Sergio Moro, caso não
trocasse o diretor-geral da Polícia Federal.
O órgão que faz a defesa judicial do Executivo alega que o encontro
pode ter tratado “assuntos potencialmente sensíveis e reservados de
Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”.
Moro citou a reunião no depoimento à Polícia Federal, no último
sábado (2), como prova de que o chefe do Executivo queria interferir no
trabalho da corporação.
O ex-juiz da Lava Jato disse aos investigadores que, no encontro,
Bolsonaro também teria manifestado o desejo de trocar o superintendente
da PF no Rio de Janeiro, o que se concretizou após a saída de Maurício
Valeixo da chefia da Polícia Federal.
O ex-ministro acusou, ainda, o presidente de querer acesso a
informações de investigações em curso e a relatórios de inteligência, o
que não é permitido pela legislação.
Na última terça-feira (5), o ministro Celso de Mello, do STF, relator
do inquérito que investiga as acusações de Moro, deu 72 horas para o
Palácio do Planalto entregar uma cópia dos “registros audiovisuais” da
reunião ocorrida em 22 de abril.
O ministro mandou oficiar com urgência o ministro da Secretaria-Geral
da Presidência, Jorge Oliveira, o chefe da Secretaria especial de
Comunicação, Fabio Wajngarten, e o chefe da Assessoria Especial do
presidente, Célio Júnior.
“As autoridades destinatárias de tais ofícios deverão preservar a
integridade do conteúdo de referida gravação ambiental (com sinais de
áudio e de vídeo), em ordem a impedir que os elementos nela contidos
possam ser alterados, modificados ou, até mesmo, suprimidos, eis que
mencionada gravação constitui material probatório destinado a instruir, a
pedido do Senhor Procurador-Geral da República, procedimento de
natureza criminal”, determinou o magistrado.
No recurso de uma página, a AGU pede que Celso de Mello reconsidere a
decisão com o único argumento de que a reunião pode ter sido “tratados
assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de
Relações Exteriores, entre outros”.
A determinação do magistrado gerou uma guerra de versão entre auxiliares de Bolsonaro.
Aliados do presidente divergem sobre quem esteve com o cartão de memórias da gravação e afirmam que o vídeo não teria captado o encontro por inteiro e que deverá ser entregue uma versão curta da reunião ao Supremo.
Aliados do presidente divergem sobre quem esteve com o cartão de memórias da gravação e afirmam que o vídeo não teria captado o encontro por inteiro e que deverá ser entregue uma versão curta da reunião ao Supremo.
A intenção é confirmar a afirmação do ex-ministro de que Bolsonaro
teria cobrado, nesse encontro, a substituição do diretor-geral da PF e
do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, além de relatórios
de inteligência e informação da Polícia Federal.
FOLHAPRESS
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