O ex-ministro Nelson Teich (Saúde) chamou de deselegante seu
antecessor, Luiz Henrique Mandetta, por críticas feitas à sua gestão. Em
entrevista à Folha, publicada nesta segunda-feira (18), Mandetta disse que a pasta é “uma nau sem rumo“.
”Em 28 dias à frente do MS [Ministério da Saúde], por mais difícil que fosse a situação, nunca expus gestões anteriores“, escreveu Teich em rede social.
“Acho muito deselegante um ex-ministro criticar seu sucessor e
acredito que esse tipo de condução só aumenta a polarização e o
desgaste, prejudicando desta forma o país inteiro”, afirmou.
O oncologista pediu demissão na sexta-feira (15) em meio ao aumento de casos e mortes pelo novo coronavírus no Brasil.
O médico deixou a pasta por resistir a mudanças no protocolo para uso da cloroquina no tratamento da Covid-19.
Mandetta saiu do ministério no dia 17 de abril. Ele também se chocou
com o presidente Jair Bolsonaro na recomendação do remédio, além de
discordar em relação às políticas de isolamento.
À Folha Mandetta afirmou que a gestão do antecessor fez da pasta “uma nau sem rumo”. “Foram 30 dias de um ministério ausente”, disse.
“Vi a entrada de um número grande de militares. Eles têm
conhecimento de logística, de operações. Mas não trabalham com o SUS. O
sistema de saúde dos militares é de hospitais próprios, de baixa
resolutividade e com plano de saúde. Não vi ninguém com experiência com o
SUS na equipe nova. O próprio ministro não tinha experiência”, afirmou
Mandetta.
Na postagem, Teich se queixou do antecessor, sem citar a entrevista à Folha .
Teich afirmou ter deixado prontos quatro planos de ações: 1) programa
Diagnosticar para Cuidar; 2) estratégias de gestões de riscos; 3)
criação de unidades de suporte ventilatório; 4) projeção de ação na
linha de frente.
Na postagem, Teich afirmou que, “nessa época de caos e incertezas”,
ações que tirem o foco do enfrentamento à pandemia do novo coronavírus
devem ser evitadas.
“O Brasil precisa se unir para que juntos encontremos a melhor
maneira de lutar. Confrontos desnecessários só prejudicam o Brasil e
todos nós, brasileiros”, escreveu Teich.
À Folha Mandetta afirmou ainda que a exigência de Bolsonaro de ampliação do uso de cloroquina para
pacientes com quadro leve do novo coronavírus pode elevar a pressão por
vagas em centros de terapia intensiva e provocar mortes em casa por
arritmia.
FOLHAPRESS
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