Em dois anos, a NASA demonstrará sua tecnologia de deflexão
[alteração ou desvio da posição natural] de asteroides no recém-nomeadp
Dimorphos, uma lua orbitando o asteroide Didymos, próximo à Terra. Essa
será a primeira demonstração em escala real da agência, desse tipo de
tecnologia em nome da defesa planetária.
Dimorphos recebeu esse nome na semana passada (22), bem em tempo de
refletir sobre a importância de compreender a ameaça dos asteroides
próximos à Terra. De acordo com a NASA, o projeto busca a uma colisão
com o corpo celeste para alterar o movimento do asteroide no espaço.
Objetos próximos ao planeta são asteroides e cometas cujas órbitas alcançam 30 milhões de km de distância da Terra.
Nesta terça-feira (30) comemora-se o Dia Internacional do Asteroide,
relembrando o maior impacto causado por eles, registrado na Terra,
enquanto se reafirma o perigo real de colisão de outros corpos com o
planeta.
Em 1908, um poderoso asteroide atingiu o rio Podkamennaya Tunguska em
uma remota floresta siberiana da Rússia. O evento destruiu
aproximadamente 1994 km² de árvores e florestas, o que equivale ao
tamanho de três quartos do estado norte-americano de Rhode Island. O
impacto jogou as pessoas no chão em uma cidade a 64 km de distância do
ocorrido.
Em 2013, um asteroide entrou na atmosfera da Terra sobre a região de
Chelyabinsk, na Rússia. Ele explodiu no ar, liberando 20 a 30 vezes mais
energia do que as primeiras bombas atômicas, gerando um brilho maior do
que o sol e exalando calor. Danificou mais de 7 mil edifícios e feriu
mais de mil pessoas. O choque quebrou janelas a 93 km de distância do
ocorrido. Na época, o asteroide não chegou a ser detectado, pois veio da
mesma direção da luz solar.
Esse tipo de fenômeno explica por que os astrônomos e o grupo do Dia
do Asteroide querem que as pessoas estejam cientes do assunto. Detectar a
ameaça de objetos próximos à Terra , que podem causar sérios danos ao
planeta, é o foco principal da NASA e de outras organizações espaciais
ao redor do mundo.
E em 2022, a NASA testará sua tecnologia de deflexão de asteroides
para ver como isso afeta o movimento de um asteroide próximo à Terra no
espaço.
Didymos e Dimorphos
Há duas décadas, um sistema binário envolvendo um asteroide próximo à
Terra tinha uma lua em órbita, apelidada de Didymos. Em grego, Didymos
significa "gêmeo", termo que foi usado para descrever como o asteroide
maior, com quase 800 m de diâmetro, é orbitado por uma lua menor com
cerca de 160 m de diâmetro. Naquela época, esta lua era conhecida como
Didymos b.
No entanto, quando o sistema binário tornou-se alvo da missão do
Teste de Redirecionamento de Duplo Asteroide da NASA, em 2022, ou DART,
era hora desta lua obter um nome oficial.
Na semana passada (22), a União Astronômica Internacional nomeou
oficialmente a lua de Dimorphos. O cientista planetário Kleomenis
Tsiganis, da Universidade Aristóteles de Thessaloniki [na Grécia],
membro da equipe do DART, foi quem sugeriu o nome.
"Dimorphos, que significa 'duas formas', reflete o status desse
objeto como o primeiro corpo celeste a ter a 'forma' de sua órbita
significativamente alterada pela humanidade - neste caso, pelo impacto
do DART", disse Tsiganis. "Sendo assim, será o primeiro objeto a ser
conhecido pelos seres humanos por duas formas muito diferentes: a que
foi vista pelo DART – antes do impacto; e a outra vista pela Hera da
Agência Espacial Europeia, alguns anos depois".
No final de 2022, Didymos e Dimorphos estarão relativamente próximos
da Terra a cerca de 1 bilhão de km de nosso planeta – o momento perfeito
para a missão DART.
De acordo com a NASA, o DART deliberadamente colidirá com Dimorphos
para alterar o movimento do asteroide no espaço. Essa colisão será
registrada pelo LICIACube, um membro do CubeSat – ou satélite de cubo –
fornecido pela Agência Espacial Italiana. O CubeSat viajará no DART e
será implantado a partir dele antes do impacto, a fim de registrar a
colisão.
"Os astrônomos poderão comparar as observações pelos telescópios
terrestres antes e depois do impacto cinético do DART, para determinar
quanto o período orbital do Dimorphos mudou", falou em comunicado o
cientista do programa DART, na sede da NASA, Tom Statler. "Essa é a
medida chave que nos dirá como o asteroide respondeu ao nosso esforço de
deflexão".
Alguns anos após o impacto, a missão Hera, da Agência Espacial
Europeia, conduzirá uma investigação de acompanhamento de Didymos e
Dimorphos.
Embora a missão DART tenha sido desenvolvida para o Escritório de
Coordenação de Defesa Planetária da NASA e gerenciada pelo Laboratório
de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, a equipe da missão
trabalhará com a equipe da Hero em uma colaboração internacional
conhecida como Avaliação de Impacto e Deflexão de Asteroides, ou AIDA.
"O DART é o primeiro passo no teste de métodos para desvios perigosos
de asteroides", disse em comunicado Andrea Riley, executiva do programa
DART, na sede da NASA. "Asteroides potencialmente perigosos são uma
preocupação global e estamos entusiasmados por trabalhar com nossos
colegas italianos e europeus para coletar os dados mais precisos
possíveis desta demonstração de deflexão cinética".
Primeira missão
O Dimorphos foi escolhido para esta missão porque seu tamanho é
relativo aos asteroides que podem representar uma ameaça para a Terra.
O DART colidirá com Dimorphos, movendo-se a aproximadamente 23,8 mil
km/h. Uma câmera instalada no DART, chamada DRACO, junto de um software
de navegação autônomo, ajudarão a sonda a detectar e colidir com o
Dimorphos.
Esse rápido impacto só altera a velocidade de Dimorphos, pois orbita
Didymos em 1%, o que não soa muito relevante, mas altera o período
orbital desta lua em alguns minutos. Essa mudança pode ser observada e
medida a partir de telescópios terrestres. Também será a primeira vez em
que os seres humanos alteram a dinâmica de um corpo do sistema solar de
maneira mensurável, segundo a Agência Espacial Européia.
A janela de lançamento do DART abre em julho de 2021 com o impacto esperado em 2022.
Três anos após o impacto, Hera chegará para estudar Dimorphos em
detalhes, medindo as propriedades físicas da lua, estudando o impacto do
DART e de sua órbita.
Pode parecer muito tempo entre o impacto e o acompanhamento, mas o estudo está baseado nas lições aprendidas no passado.
Em julho de 2005, a sonda Deep Impact, da NASA, lançou um objeto de
impacto de cobre de cerca de 370 kg em um cometa Tempel 1. Mas a sonda
não conseguiu ver a cratera resultante, porque o impacto liberou
toneladas de gelo e poeira. No entanto, a missão Stardust da NASA, em
2011, foi capaz de caracterizar o evento: um corte de 150 m.
Juntos, os valiosos dados coletados pelo DART e pelo Hero
contribuirão para as estratégias de defesa planetária, especialmente
para entender que tipo de força é necessária para mudar a órbita de um
asteroide próximo à Terra e que pode colidir com o nosso planeta.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).
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