Foto: NOAA
Quase um ano depois de tombar na saída do porto de Brunswick, no
estado da Geórgia (Estados Unidos), finalmente começará a remoção do
navio coreano MV Golden Ray com sua curiosa carga: 4.200 automóveis zero
quilômetro.
Os veículos continuam dentro do navio e muito possivelmente serão
destruídos – mesmo aqueles que não foram danificados no acidente nem
inundados pelo mar -na operação. Isso porque, para poder ser removido, o
navio terá que ser cortado em pedaços.
Cortar o navio inteiro, através de uma colossal estrutura que vem
sendo preparada desde que o MV Golden Ray tombou nas margens do estreito
de Saint Simons, na madrugada de 8 de setembro do ano passado, é a
única maneira de removê-lo. A embarcação tem quase 200 metros de
comprimento e altura de um prédio de sete andares.
Estima-se que ainda haja centenas de carros em perfeito estado dentro do navio avariado. Mas não há como removê-los.
Cortado por correntes O equipamento que fatiará o navio, chamado VB
10000, é uma espécie de gigantesca motoserra, em forma de arco, montada
sobre o casco, que moverá poderosas correntes para cima e para baixo,
por dias a fio, até que o atrito faça com que o aço do navio seja
rompido.
O navio será partido em oito pedaços, como se fosse um pão sendo fatiado – veja abaixo a animação de como será o trabalho.
Mas, segundo as empresas dona do navio e da carga, não há como
impedir que os automóveis sejam afetados – e, eventualmente, também
cortados ao meio, pelo vai e vem das correntes. Após ser fatiado, as
oito partes do MV Golden Ray serão transportadas em barcaças até um
estaleiro, onde o navio será remontado e recuperado.
Após ser fatiado, as oito partes do MV Golden Ray serão transportadas
em barcaças até um estaleiro, onde o navio será remontado e recuperado.
Os automóveis são dados como perdidos, embora haja a esperança de que
alguns possam ser salvos, caso não tenham sido afetados pelo tombamento
do navio, pelo mar ou pelo contato com as correntes que serrarão o casco
ao meio.
Foto: Georgia Department of Natural Resources
“Contamos, também, com um ou outro incêndio, causado pelo atrito das
correntes com o casco”, diz um dos responsáveis pela operação. Esta
ainda não tem data para começar, mas será o mais breve possível, porque
já deveria ter sido feita, não fosse a pandemia do coronavirus, que
atrasou os trabalhos. Segundo a empresa de seguros responsável pelo
caso, só os automóveis valem cerca de 80 milhões de dólares.
Por que tombou?
Foto: reprodução
Um princípio de incêndio também pode ter
sido a causa do acidente com o navio, que, no entanto, ainda está sendo
investigado, com finalização do inquérito prevista para daqui a dois
meses.
Outra possibilidade é que tenha havido falha da tripulação ao
manusear as válvulas que enchem os tanques de lastro, responsáveis pela
estabilidade do casco, ou que o acesso por onde entram os automóveis
nesse tipo de navio não tenha fechado completamente, gerando inundação e
perda de estabilidade, o que teria levado o comandante do navio a
propositalmente encalhá-lo em águas rasas para não afundar.
Só que o navio tombou e tornou-se impossível removê-lo do local.
Ninguém se feriu no acidente, embora quatro tripulantes tenham ficado
presos no interior da casa de máquinas até o dia seguinte, quando as
equipes de resgate abriram um buraco no casco para removê-los. Até o que
inquérito seja concluído, nenhum tripulante está autorizado a se
manifestar sobre o caso.
Virou atração turística
Mas, desde então, o navio tombado repleto de automóveis que nunca
foram usados virou atração turística nas praias do estreito de Saint
Simons, que une o mar com o porto de Brunswick. O navio está a pouca
distância da margem e pode ser admirado pelos banhistas, todos
esperançosos de que, durante a operação, algum automóvel saia boiando e
possa ser recolhido na praia – o que, no entanto, não deve acontecer,
porque as precauções que estão sendo tomadas são enormes.
“Quem sabe a gente consiga pegar, ao menos, metade de um carro
cortado”, brinca um morador da região, que sonha em pôr a mão em um dos 4
200 automóveis que estão dentro do navio tombado, a espera de serem
destruídos.
Blog Histórias do Mar – UOL
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