O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Duarte Guimarães, 51 anos, foi alvo de denúncias de assédio sexual por parte de funcionárias do banco estatal. O caso foi divulgado com exclusividade pelo portal Metrópoles, nesta terça-feira (28).
Um grupo de pelo menos cinco funcionárias denunciou distintas situações que passaram com Guimarães durante compromissos de trabalho. Dentre os casos de assédio, apontaram toques indevidos e "brincadeiras" desrespeitosas. O anonimato das mulheres foi respeitado.
Casos de assédio
Os relatos são diversos, desde convite para saunas, reuniões privadas no quarto dele e até convites para viagem considerando características físicas.
"Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”.ValériaVítimas de assédio
As mulheres apontaram que Guimarães possuía um "conceito deturpado de meritocracia", que acreditava ser possível garantir ascensão na carreira para as funcionárias que aceitassem as investidas. “Sempre tem perguntas do tipo: ‘Quero saber se você está comigo ou não, se eu posso contar com você’”, disse Cristina.
Em uma viagem que integrava à programação do Caixa Mais Brasil, Guimarães chegou a declarar que faria Cristina sangrar. “Ele me falou: ‘Vou te rasgar. Vai sangrar’”, detalhou ao Metrópoles.
Já no caso de Beatriz, o assédio foi mais intenso. Após ser chamada para repassar a agenda do dia seguinte, Guimarães passou a mão nela. "Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”, afirmou.
Em
depoimento, a funcionária chorou: "nunca precisei disso na minha vida
para ganhar cargo. Prefiro até não ter cargo, mas nunca precisei disso".
Após o caso, passou a evitar qualquer espaço com o presidente da
Caixa.
Todas as mulheres possuíam o receio de denunciar porque não confiavam nos canais oficiais de denúncia internas e temiam que impactasse nas próprias carreiras. "Noventa por cento das mulheres não vão falar porque ele tem poder”, disse Thaís.
Presidente da Caixa pode sair após declarações
Após as denúncias repercutirem, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu no Palácio da Alvorada, nesta terça, a fim de decidir o que acontecerá com o presidente da Caixa.
Segundo o Metrópoles, a primeira reunião aconteceu com o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, e com outros integrantes do governo. Posteriormente, Bolsonaro conversou a sós com Pedro Guimarães por cerca de 10 minutos.Considerando as repercussões sobre as denúncia de assédio, o Planalto considera certa a saída de Pedro do cargo de gestão. Bolsonaro pediu para a equipe econômica do governo para buscar possíveis substitutos para presidência do banco.
Nota da Caixa Econômica
Em nota ao Metrópoles, a Caixa informou que não tem conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual contra Guimarães e que tem protocolos de prevenção contra casos de qualquer tipo de prática indevida por seus funcionários.
"O banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de 'qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça'", acrescentou, em nota ao site.
Investigação do Ministério Público
O Ministério Público Federal abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra o presidente da instituição, Pedro Guimarães. A abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo Estadão.
Cinco mulheres relataram as abordagens inapropriadas do presidente do banco. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles nesta terça-feira, 28. Segundo um dos relatos, uma funcionária diz que o presidente do banco teria passado a mão em suas nádegas.
Procurado pelo Estadão, o Ministério Público Federal afirmou que não fornece informações sobre procedimentos sigilosos. A Caixa não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem.
Saiba quem é Pedro Guimarães
Em 2019, após a posse de Jair Bolsonaro, Pedro assumiu o cargo, tornando-se uma figura frequente nas transmissões remotas de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19, uma vez que precisava dar informações sobre o auxílio emergencial.
Ainda segundo o portal, Pedro é carioca e atuou no mercado financeiro, em elevados cargos disponíveis em bancos e fundos de investimentos.
O gestor também foi foco de polêmicas quando ordenou empregados a realizarem flexões durante cerimônia pública. A intenção dele era motivar as pessoas ao gravar o vídeo. No entanto, foi processado por constranger os empregados de modo indevido.
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