sexta-feira, 21 de outubro de 2022

“Partido da Igreja Católica é o Evangelho”, diz arcebispo de Natal

 Em 2022, o cenário eleitoral vive uma polarização política que atinge inúmeros setores da sociedade. Em um País cuja Constituição Federal determina um estado laico, até as instituições religiosas, como a igreja católica, passaram a ser atingidas pelos debates na disputa presidencial entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Em entrevista ao AGORA RN, Dom Jaime Vieira, arcebispo metropolitano de Natal, falou sobre o papel de neutralidade da Igreja Católica na eleição presidencial, do momento histórico na disputa entre os dois candidatos, sobre como o eleito deve olhar o RN e o Nordeste e também sobre a reeleição de Fátima Bezerra (PT) e Rogério Marinho (PL) ao governo e Senado respectivamente.

O arcebispo seguiu o ponto de vista de analistas políticos que definiram que esta é a eleição presidencial mais importante para o país desde o nascimento da República. “Então é muito importante que tenhamos esta clareza. Eu não posso porque se eu for fazer escolha, eu digo que sempre é importante que [os candidatos] tenham sensibilidade social. 

Nós valorizamos o negócio, o lucro, a exportação, o mercado, o capital, mas é preciso que o povo esteja como prioridade um. O bem-estar e as condições necessárias”, observou.Ele fez questão de ressaltar a atuação da Igreja com um papel apartidário. “A igreja está aberta e pregando esta isenção político-partidária sem deixar, sem abrir mão do seu papel e da sua missão de se colocar a serviço do bem comum. Quem me pergunta, e me rotula de partido A, B ou C, o meu partido é o Evangelho. 

Fui e serei sempre do partido do Evangelho. Louvo e bendigo os que têm o poder econômico, as grandes empresas, as pessoas são bem-sucedidas, mas também é preciso que haja sensibilidade. 

Se houver sensibilidade de todos os candidatos para os mais necessitados, os direitos fundamentais da pessoa humana, tudo estaria resolvido. Seria mais fácil fazer uma opção”, apontou.

No âmbito regional, Dom Jaime Vieira afirmou que, independentemente de quem vença, os nordestinos devem ser vistos com dignidade. 

“O Nordestino é bastante pisoteado, desrespeitado, ridicularizado. E é uma região de uma história tão rica, população riquíssima, de homens públicos em todos os níveis, na literatura, política, na economia. 

Então o que nós esperamos, pelo Rio Grande do Norte é que olhem para o Nordeste e para nosso estado com um olhar de responsabilidade social. 

Quem ganhou está legitimado democraticamente e é o presidente de todos, por isso é importante que quem governe, governe para todos”, avalia.

Ainda conforme o arcebispo, o Rio Grande do Norte tem muitas fontes de geração de riquezas, como a geração de energia eólica, extração e refino de petróleo, no entanto as empresas devem ter uma visão social. 

“Bendigo e respeito, sou muito favorável aos empresários, pessoas que lutam, vencem, que dão vida econômica ao estado, mas que tenham essa sensibilidade de olhar para aquelas que têm oportunidade de estar diante de algum representante do governo federal, eu digo com muita clareza, que vejam, se lembrem do Nordeste e também nos rejam com essa sensibilidade social olhando para todos e certamente teremos também a nossa vez em termos de poder ter mais esperança, porque a pobreza aumenta, a miséria, os grandes projetos foram interrompidos e também recomendo aqueles com que tenho contato, que assumam políticas, defendam, conservem, avancem nas políticas de nação e não apenas de partido”, afirma.

Questionado sobre as campanhas de Bolsonaro e Lula, Dom Jaime Vieira apontou que a torcida é para que o povo exerça o direito democrático e, inclusive. Incentivou o voto. “Meus votos é que a campanha seja bonita, digna, que a nação toda se manifeste. Se eu tivesse que fazer campanha, faria essa de pedir ao povo que vote. Ninguém deixe de votar. 

Até para fazer um registro, quando as pessoas eram levadas pelos cabos eleitorais, elas diziam que iriam votar ao final do dia para não perder valor, porque quando não votava, perdia o seu valor. É preciso que nós valorizemos ao máximo este poder de lutar por um Brasil justo, fraterno, solidário e que seja a pátria de todos”, finalizou.

No RN

O religioso também comentou de forma superficial os resultados das eleições de figuras da política potiguar, como a reeleição de Fátima Bezerra. “Ela tem uma folha de serviços prestados ao Estado, ao Nordeste sobretudo, eu não posso negar de modo nenhum o investimento na educação, ela chegou a ser presidente da Comissão para a Educação da Câmara e do Senado, é uma comissão muito importante. Eu lembro que no meu tempo de jovem, eu só conhecia a escola industrial aqui de Natal, ali na Rio Branco. 

Hoje, temos um benefício muito importante – oxalá que seja valorizado e investido e se desenvolva bem – que são os Institutos Federais, educação técnica. Isso, para mim, é muito importante. Ela dá a impressão que procurou [governar] com muita simplicidade, ela não tem nenhuma vaidade, não se vale do cargo para benesses e se dedica a tentar governar para atender aquilo que são as necessidades mais urgentes do nosso povo”, comentou.

Em relação a Rogério Marinho, o sacerdote afirmou que conhece a família do Senador, e que ele será um bom representante para o Estado no Senado. “É uma pessoa de valor que poderá, se tiver sensibilidade, isenção e tiver visão de cidadania, as pessoas e os políticos devem pensar grande, serem pessoas que estão acima daquilo que é uma posição precária, mais mesquinha”, finalizou.

 

Com informações do Agora RN

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