A Copa do Mundo do Catar é a 22ª da história e tem chamado atenção por novidades que não existiram nas outras 21 edições do torneio. Uma das principais delas está no fato de o país do Oriente Médio ter construído o primeiro estádio desmontável em 92 anos de disputas do Mundial.
O Estádio 974, que recebeu sete jogos e um público estimado de 300 mil pessoas, fechou sua história após a vitória do Brasil por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul e continuará sua jornada esportiva em outro país ainda não definido.
A obra, assim como três das vilas para fãs e um centro comercial próximo ao estádio, foi construída a partir de contêineres de navios cargueiros que foram adaptados para virarem desde banheiros, elevadores e até mesmo os camarotes VIP usados pela Fifa para receber seus convidados e pessoas que compraram a categoria especial de hospitalidade.O Catar possui longa tradição marítima e os contêineres passaram a ser muito utilizados para a importação de produtos assim que o país enriqueceu com o início do comércio de petróleo, a partir dos anos 1940, e gás natural, a partir dos anos 1970.
Destino
Terminada a participação dele na Copa, será iniciada a desmontagem das milhares de toneladas de ferro soldado e conectado minuciosamente para criar o formato de estádio.
Segundo o Comitê Organizador Local de Entrega e Legado, a estimativa é de que o processo leve por volta de seis meses para ser concluído e, a partir daí, haja a doação de todo o material para que seja utilizado como espaço esportivo em um país ou mais.
Até o momento, não se sabe o destino final do Estádio 974. Alguns países africanos, como a Nigéria, e o Uruguai demonstraram interesse em contar com a arena completa.
O Catar não possui uma liga de futebol capaz de encher os oito estádios da Copa de forma permanente, mesmo com quatro competições nacionais de futebol. Por isso, decidiu que as arenas não terão a capacidade e configurações mantidas após o Mundial.Além do 974, todos os outros sete estádios sofrerão redução de capacidade, como o Khalifa International, que terá uma diminuição para 40 mil assentos e será utilizado como casa pela seleção masculina de futebol. O Cidade da Educação cairá de 40 mil para 20 mil lugares e será utilizado pela seleção feminina.
Já o Al-Janoub e o Ahmad bin Ali serão destinados a clubes locais, como o Al-Rayyan. Em alguns casos, como o Lusail, a parte interna do estádio será desmontada para dar lugar a um centro multiuso de comércio e entretenimento. O Al-Bayt perderá 25 mil dos 60 mil assentos para dar espaço a um hotel e shopping de luxo.
Segundo o comitê local, todos materiais serão doados a países em desenvolvimento para que possam criar estruturas mais modernas para o crescimento e prática do esporte de alto rendimento.
Elefante Branco
O escritório Fenwick Iribarren Architects, um dos responsáveis pela construção do Estádio 974, disse em entrevista à BBC que a ideia, desde o início, foi evitar a construção de um “elefante branco” e, por utilizar materiais já prontos, diminuir o desperdício, tanto de matérias-primas quanto água, além de diminuir a emissão de gases, pensando em ser um projeto o mais sustentável possível.
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