O tiro que matou o torcedor do ABC, Leonardo Lucas, em uma confusão entre torcidas e a Polícia Militar, partiu de um policial militar. A informação foi confirmada por uma fonte da TV Tropical no Instituto Técnico-Científico de Perícia do Rio Grande do Norte (Itep-RN). A morte aconteceu no dia 15 de setembro, em Ponta Negra, após a partida entre ABC e Sport-PE, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
O advogado da família de Leonardo falou com a reportagem da TV Tropical e confirmou o resultado dos exames do Itep. Para ele, a definição não passou de uma mera formalidade. "Nós sabíamos que o tiro tinha partido da PM. As imagens trazem essa evidência. Há a necessidade do preenchimento dos trâmites legais, mas para a gente é mera formalidade. Já tínhamos convicção", declarou Raphael Targino.
Ele criticou a atuação dos policiais no dia do fato. "Sabíamos que eles tinham errado e que Leo tinha sido vítima de um tiro do estado. Não houve, em nenhum momento, bala de borracha, utilização de bomba de efeito moral, gás lacrimogêneo, não houve uso progressivo da força", disse.
Passados mais de dois meses, a família ainda sente a dor. O pai de Leo, André Rafael, falou sobre o sentimento ao ter a confirmação. "Jamais uma pessoa iria passar de frente à polícia portando um fuzil. Então, eu tinha certeza. Eu me sinto mais aliviado, estou com muita saudade, a dor é grande", comentou.
"É tudo doloroso, ainda está doloroso, mas a sensação de que a justiça vai ser feita dá um alívio muito grande", completou o homem. Leonardo Lucas era barbeiro e deixou uma filha que hoje tem quatro meses.
Com tanta dor, André Rafael contou que só voltou ao estádio Frasqueirão apenas uma vez após a morte do filho. "Fui uma única vez e essa única vez me trouxe muitas lembranças dele. Eu achei por bem não ir mais", finalizou.
Para o advogado, além do policial, o Estado também deve ser responsabilizado pela morte. "Se a justiça for feita, vai processar e condenar o policial na sua individualidade. Concomitante, outras sanções devem ser impostas. Tanto ao comando quanto aos graus superiores que estão envolvidos na mandação de toda a infraestrutura de segurança no dia", afirmou.
"É necessário que os responsáveis que estão por trás desse gatilho, para além do policial, sejam punidos", completou o advogado.
Os órgãos envolvidos não se pronunciaram. O Instituto Técnico-Científico de Perícia do Rio Grande do Norte (Itep-RN) afirmou que não vai comentar sobre os laudos no momento, destacando que só vai se posicionar após o fim das investigações da Polícia Civil.
Por sua vez, a Polícia Civil disse que vai se posicionar quando o inquérito for finalizado. "Qualquer detalhe da investigação que for divulgado fora do tempo oportuno, vai contrariar o interesse público, podendo prejudicar as investigações que estão em andamento pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)", frisou.
A Polícia Militar seguiu pelo mesmo caminho. Já o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) apontou que aguarda saber qual promotoria receberá o Inquérito Policial. Após isso, o promotor que for designado ainda irá tomar conhecimento do inquérito. Por isso, não poderá se pronunciar por enquanto.
Leonardo Lucas foi atingido pelo disparo nas proximidades da Praça do Gringos. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento do disparo e a confusão que se estendeu até a avenida Engenheiro Roberto Freire.
Portal da Tropical
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