quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

‘Estamos na iminência de perder o controle do sistema prisional’, diz Vilma Batista

 O Rio Grande do Norte está na “iminência” de perder o controle do sistema prisional e convive com um déficit de mais de 1 mil agentes dentro das penitenciárias. A denúncia é de Vilma Batista, presidente do
Sindicato dos Policiais Penais do Estado (Sindppen-RN).

Segundo a policial penal, organizações criminosas estão cada vez mais infiltradas nas unidades prisionais e em instituições que buscam interferir no trabalho dos agentes. Ela critica o comando da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) – que, segundo ela, tem sucumbido a
pressões do crime organizado.

Vilma Batista afirma que o principal problema do sistema prisional potiguar, atualmente, é falta de efetivo. Ela diz que o RN tem apenas 1.444 policiais penais, divididos em escalas, para dar conta de um contingente superior a 12 mil presos (de todos os regimes).

O quadro é especialmente delicado no Complexo de Alcaçuz, o maior do Estado, onde, de acordo com Vilma Batista, houve plantões com apenas 6 policiais penais escalados no fim do ano passado.

“Segurança se faz com vigilância aproximada. Para isso, precisamos ter efetivo, em número condizente com a realidade da unidade prisional. Não houve um incremento (nos últimos anos) e, a cada dia que passa, temos várias outras atribuições”, enfatiza a sindicalista.

Por causa da falta de profissionais suficientes, Vilma Batista diz que todas as guaritas de Alcaçuz
estão desativadas e que outras unidades – como a Cadeia Pública de Natal e a Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP) – estão transferindo presos. 

A sindicalista diz, também, que o trabalho está comprometido dentro das unidades e que, por falta de agentes em número suficiente, a segurança que está sendo feita é a “básica”.

Ainda de acordo com a presidente do Sindppen-RN, por causa da interferência de órgãos externos ligados ao crime organizado, presos estão sendo encorajados a se insurgir contra os policiais penais. Os policiais que “batem de frente”, segundo Vilma Batista, são penalizados.

“Estamos falando de um sistema que estava totalmente controlado e está na iminência de nós perdermos o controle. Precisa saber de onde os presos conseguiram ter o empoderamento para se insurgir contra os operadores de segurança que estão no controle. Após as interferências, a população carcerária, escravizada pelas organizações criminosas, viu a oportunidade de furar o bloqueio do Estado. Não querem mais (atender às regras), começam a fazer denúncias infundadas. 

Não é dada ampla defesa e contraditório. Os policiais que continuam batendo de frente são transferidos. Várias transferências foram feitas de policiais a mando de organizações criminosas dentro das unidades prisionais. A gestão não tem coragem de fazer o enfrentamento”, enfatizou Vilma Batista.

Esse encorajamento dos criminosos ocorre, também, quando a Seap – segundo ela – não aplica sanções a presos insubordinados.

A Seap foi procurada para comentar as denúncias da sindicalista. O espaço segue aberto para pronunciamento da pasta.

 

Do Agora RN

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