Apesar de eu já ter escrito sobre ele — e escrito com gosto, com cuidado, com a precisão que a curiosidade exige — as perguntas continuam chegando. Afinal é uma nave alienígena ou não é?
O cometa 3I/ATLAS virou assunto de mesa de bar, de grupo de WhatsApp, de live de influenciador que mal sabe diferenciar uma órbita de um algoritmo. E quanto mais ele se aproxima do Sol, mais mentiras se aproximam da gente.
É como se o calor do periélio fervesse também a imaginação dos sensacionalistas. Dizem que a NASA ativou protocolo de segurança planetária. Mentira. A agência apenas intensificou observações, como faz com qualquer objeto interestelar que cruza o Sistema Solar. Não há risco de colisão. Não há rota de impacto. Não há motivo para pânico.
O 3I/ATLAS é um cometa em trajetória hiperbólica — ou seja, ele veio de fora do Sistema Solar e está só de passagem. Não vai voltar. Não vai ficar. Vai cruzar nosso quintal estelar e seguir viagem.
E não, não é uma nave espacial. As imagens recentes mostram jatos de material sendo expelidos em direção ao Sol, comportamento típico de cometas aquecidos pela radiação solar.
Aliás, falando em material: foi detectada água. Sim, água. O cometa carrega gelo em seu núcleo, que ao se sublimar forma a coma e a cauda. Isso é ciência química.
Ele mudou de trajetória?
Alguns boatos dizem que ele mudou de trajetória. Não é bem assim. Ele até fez uma curva devido à gravidade do Sol, mas continua na mesma trajetória previamente estabelecida.
Ele não vai colidir com a Terra. Passará a cerca de 1,2 unidades astronômicas de nosso planeta — o que equivale a aproximadamente 180 milhões de quilômetros. Uma distância segura, tranquila.
E em novembro, ele ficará em oposição. Isso significa que o cometa estará no céu exatamente oposto ao Sol, o que facilita sua observação durante a noite. É o momento em que ele brilha mais intensamente para nós, terráqueos com telescópios e olhos curiosos.
O periélio do cometa 3I/ATLAS ocorre nesta quarta-feira, 29 de outubro de 2025, marcando o momento em que ele esteve mais próximo do Sol durante sua passagem pelo Sistema Solar. Esse ponto é crucial para os astrônomos, pois é quando o cometa atinge sua máxima atividade, liberando grandes quantidades de gás e poeira que formam sua cauda característica.
A proximidade com o Sol também permite análises mais detalhadas de sua composição química, revelando pistas sobre sua origem interestelar. Como 3I/ATLAS segue uma trajetória hiperbólica, esse periélio representa uma oportunidade única de observação antes que ele retorne ao espaço profundo, sem previsão de volta.
Portanto, antes de compartilhar vídeos alarmistas, antes de achar que o fim está próximo — leia. Pergunte. Duvide. Porque o cometa 3I/ATLAS é um espetáculo da natureza, não um presságio do fim.
E se quiser saber mais, eu já escrevi sobre ele. Está tudo lá.
*Este texto reflete exclusivamente a opinião do autor.
Diário do Nordeste
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