segunda-feira, 10 de novembro de 2025

RN tem cadastro com 41 mil pessoas à espera de cirurgia e gente na fila há 14 anos

 Foto reprodução

A vida de quem precisa da saúde pública não é nada fácil no Brasil. No Rio Grande do Norte não é diferente. Somente na rede estadual, mais de 41 mil pessoas aguardam por um procedimento cirúrgico. Tem gente que está na fila há 14 anos. É sofrimento demais.

A lista, que só faz aumentar, reúne pacientes de todas as regiões do território potiguar, seja para a realização de procedimentos simples ou os mais complexos. O fato é que o cadastro só cresce. A relação está disponível no site na Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), na plataforma Regula Cirurgia.

Na consulta mais recente feita pelo BNews Natal, foi possível ver as iniciais dos nomes dos pacientes. Abertos para verificação estão a data em que foram inseridos, a cidade e o tipo de procedimento que é aguardado. E não são poucos: são exatos 41.058 cadastros na fila de espera até às 17h desta sexta-feira, dia 7 de novembro de 2025. 

O Regula Cirurgia é uma plataforma digital que organiza e gerencia o acesso dos pacientes aos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Norte, como leitos hospitalares, filas para as cirurgias eletivas e procedimentos de alta complexidade.

A plataforma elenca os pacientes por código do procedimento, monitora o fluxo desde a entrada no sistema até a realização do procedimento cirúrgico e possibilita a classificação de cada pessoa de acordo com o protocolo de gestão e priorização para as cirurgia eletivas.

Em outras palavras, o Regula RN é uma ferramenta essencial para a gestão eficiente e transparente dos serviços de saúde no Rio Grande do Norte, visando garantir o acesso adequado e oportuno da população aos cuidados de que necessita.

Paciente aguarda por remoção de células doentes há 14 anos

Apesar de a lista ser extensa, é possível constatar que há cadastros bem antigos, gente que está na fila há muitos anos. É o caso de um paciente de Natal que aguarda por uma mastoidectomia radical desde o dia 28 de junho de 2011, ou seja, há 14 anos. 

A mastoidectomia radical é um tipo de cirurgia que remove as células doentes do osso mastoide (atrás da orelha) e remove a maior parte da estrutura do ouvido médio, incluindo o tímpano, os ossículos (martelo e bigorna) e o canal auditivo externo. Geralmente, o procedimento é realizado para tratar infecções graves, como o colesteatoma, ou para permitir o acesso para procedimentos como a colocação de implantes cocleares. 

Outros quatro cadastros, de 2012, também estão em aberto, e também aguardam pelo mesmo procedimento. São pacientes de Natal, Cerro Corá, São José de Mipibu e Apodi. 

O que diz o Governo do RN

O BNews Natal procurou o Governo do Estado para falar a respeito da fila de espera por cirurgia no estado, e questionou a Secretaria da Saúde Pública sobre o total de pessoas que aguardam pelo procedimento e sobre o que está sendo feito para que a fila ande. 

Abaixo, confira a resposta da SESAP:

"O registro de pacientes dentro do sistema de cirurgias eletivas teve um salto recente em virtude da inserção dos procedimentos eletivos ortopédicos. Em 2024, o RN realizou aproximadamente 90 mil cirurgias eletivas, liderou o país em procedimentos de alta complexidade e esteve entre os líderes na média complexidade, em proporção populacional. A atual gestão também aumentou em cerca de 50% o número de cirurgias realizadas, em comparação com anos anteriores".

Com relação aos casos mais antigos, a SESAP diz que "só é possível uma resposta objetiva a partir da análise particular do registro, que pode se dever, por exemplo, à falta de atualização no sistema por parte do hospital prestador", visto que em anos anteriores não havia o Regula Cirurgia, "também implantado pela atual gestão".

Crise na saúde

O Rio Grande do Norte enfrenta uma crise na saúde pública. Faltam medicamentos, os remédios são escassos, equipamentos estão quebrados, os insumos são poucos, os leitos dos hospitais estão cheios e os corredores das unidades de saúde pública  quase sempre estão lotados. Cirurgias também são frequentemente suspensas, há deficiência na escala de profissionais e só aumentam as reclamações por causa do modelo de gestão.

Também é destaque a queda nos gastos estaduais com a saúde. Em razão disso, o Ministério Público fez denúncias e instaurou inquéritos para garantir o abastecimento e a implementação de planos de melhoria. A Justiça bloqueou recursos para garantir o básico para o funcionamento da rede de abastecimento médico, atendimento e de internação de pacientes.

Além de todos estes problemas, doenças que até pouco tempo estavam controladas voltaram ao noticiário e são novamente uma preocupação para a sociedade, como os casos de dengue, zika e Chikungunya.

 

 Fonte: BNews Natal

Nenhum comentário:

Postar um comentário