Aumentaram nos últimos dias em Natal e em Brasília os comentários sobre
a possibilidade de o senador Garibaldi Alves Filho e o deputado federal
Henrique Eduardo Alves se enfrentarem em convenção do diretório
regional do PMDB, comandado pelo segundo, que também lidera o partido
em sua casa congressual.
Quem mais objetivamente tem abordado esta perspectiva em
Natal, nos últimos meses, é o jornalista, ex-prefeito e ex-senador
Agnelo Alves, tio dos dois parlamentares e novo mentor do PDT potiguar.
É possível que suas especulações traiam o desejo de levar seu partido a
tirar proveito da divisão entre os parentes que disputam o comando do
PDT.
Afinal, enquanto Henrique Eduardo trabalha para fortalecer uma
candidatura bafejada em Natal pela força do presidente Lula da Silva e
Garibaldi Filho reitera sua vontade de sufragar o nome da senadora
Rosalba Ciarlini (Dem) na corrida pela sucessão da governadora Wilma de
Faria, Agnelo defende outro nome.
Todo o Estado sabe o principal projeto político do
septuagenário Agnelo é transformar o novo presidente regional do PDT, o
advogado, ex-prefeito e ex-deputado estadual Carlos Eduardo Alves, seu
filho, em Governador. Qualquer brecha que puder, ele tentará abrir para
ensejar esta passagem, que colocaria nas mãos de seu núcleo familiar o
bastião da força política criada nos anos quarenta, cinquenta e
sessenta por seu irmão mais velho, o legendário Aluizio Alves.
Agnelo, porém, não construiria sozinho o fosso que se alarga
dia a dia entre seus sobrinhos. O problema vem de muito longe, tem a
ver com a herança do espólio de Aluizio e já provocou muitas perdas e
danos. Este colunista testemunhou muitas escaramuças entre os dois
desde pelo menos meados dos anos oitenta, a partir de quando, quase
sistematicamente, os aliados do peito de Garibaldi Filho torpedeavam
projetos de Henrique Eduardo, enfraquecendo-o enquanto delfim e
donatário da capitania política a ser legada pelo pai. Tudo, porém, era
abafado pela força que a família e o poder exerciam sobre o restante da
mídia, de sorte que o fogo de monturo cresceu sem ser muito notado.
O que se indaga hoje é se a fruta amadureceu o bastante para
ser colhida, como querem outros políticos capazes de sonhar em assumir
parte do que resta ao PMDB com o enfraquecimento mútuo dos primos.
É coisa de se esperar para ver como e se ocorrerá.
fonte:nominuto
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