A quantidade de casos confirmados de dengue hemorrágica no Rio Grande do
Norte este ano é 250% maior do que no mesmo período de 2009. O mais
novo boletim da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), referente
ao período de 1 de janeiro até 25 de setembro, mostra que 2010 já
confirmou 98 casos da forma mais grave da doença, contra apenas 28 na
semana equivalente no ano passado. Há 14 suspeitas de óbito, das quais
três confirmadas. No geral, o número de notificações das várias formas
da doença feitas em 2010 (6.417) é 83,3% maior do que no ano anterior
(3.500). Do total, 839 foram confirmadas como dengue clássica, 98 como
hemorrágica, 44 como “dengue com complicação” e 3.008 ainda estão
pendentes de diagnóstico.
A subnotificação, no entanto, pode ser
grande, pois nada menos que 2.428 suspeitas caíram na categoria
“inconclusivas”, ou seja, não foram confirmadas nem descartadas pelos
municípios. Quando se fala apenas da dengue clássica, a diferença entre
as estatísticas é menor. As 839 confirmações deste ano representam
133,7% a mais do que 2009, que teve 359. “A diferença se deve a vários
fatores. Vale citar a reintrodução do vírus tipo 1, que não circulava no
estado há oito anos; o abastecimento precário de água, obrigando a
população a usar baldes; e à própria série histórica, pois após uma
epidemia, como tivemos em 2008, segue-se um período de baixa e depois
outro crescimento”, explica a coordenadora do Programa Estadual de
Dengue, Kristiane Fialho.
No ano retrasado, houve nada menos que
41 mil casos suspeitos. Segundo ela, o sorotipo 1 entrou novamente no RN
este ano, tendo sido detectado no Seridó e isolado em Pau dos Ferros. A
coordenadora admite o risco da chegada ao Estado de um novo tipo do
vírus (o 4), que já apareceu em Roraima. Caso isso ocorra, o número de
casos tenderá a aumentar muito, pois a população não teria imunidade ao
micro-organismo por ele nunca haver infectado ninguém no RN. “Por isso,
estamos monitorando os sorotipos em cada município, e pedimos para as
prefeituras fazerem o isolamento viral de todos os casos”, diz
Kristiane. Ela recomenda que a população contribua para a prevenção da
doença, enfatizando que a maioria dos criadouros do mosquito Aedes
aegypti – transmissor da dengue – está dentro das casas.
Até
agora, o número de óbitos está abaixo do total registrado nos doze meses
de 2009, quando cinco pessoas morreram por causa da dengue. Este ano,
Natal já tem 3.300 suspeitas da doença, sendo um dos dezoito municípios
potiguares com incidência considerada alta. Enquanto a capital tem
409,33 casos por 100 mil habitantes, a recordista no Estado por este
critério é Pau dos Ferros, com 1833,81. Das três mortes registradas este
ano, duas foram atribuídas à dengue hemorrágica e uma à forma
denominada “dengue com complicação”. Ano passado, foram quatro óbitos
atribuídos à hemorrágica.
Sesap amplia a fiscalização dos casos
A
secretaria estadual de Saúde ampliou o monitoramento acelerado dos
casos de dengue no Rio Grande do Norte. Atendendo a uma sugestão do
Ministério da Saúde, o estado, agora, passa a fazer o Levantamento
Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) em nove
municípios.
Até setembro, apenas Natal, Mossoró e Parnamirim
eram monitoradas de forma acelerada. Apesar de não constarem como
cadastradas no site do Ministério da Saúde, a Sesap informa que
Ceará-Mirim, Apodi, Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros e São Miguel
também contam com esse levantamento.
A subcoordenadora de
Vigilância Epidemiológica da Sesap, Juliana Araújo, explica que o
levantamento realizado em todos os municípios do estado é diferente do
LIRAa apenas pela questão de velocidade. Enquanto os dados da maioria
das cidades potiguares são repassados à Sesap a cada dois meses, que é o
tempo do ciclo completo de coleta de informações, os dados nas nove
cidades em que ocorre o LIRAa são transmitidos em um tempo muito menor. A
velocidade contribui para impedir as infestações.
“Por isso
que, geralmente, o LIRAa ocorre nas maiores cidades e em regiões
metropolitanas, o que ajuda a secretaria nas ações”, explicou Juliana
Araújo.
da TN
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