segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Desempenho da PF do RN entre os piores

A Polícia Federal divulgou uma pesquisa mostrando o desempenho da instituição em todos os Estados brasileiros em 2011. A PF norte-rio-grandense apresentou um desempenho tímido diante dos outros oito Estados que compõem a região Nordeste. Foram 24 prisões em sete operações, o que coloca o RN em penúltimo lugar nesse quesito. Nessa relação prisão/operações, o Piauí ficou em primeiro, e Pernambuco, em último. Em número de ações, a PF potiguar ficou em quarto.
Nessa relação, a PF realizou uma média de 3,42 prisões por cada operação realizada. Das sete ações executadas em solo potiguar durante 2011, a que apresentou maior volume foi batizada de "Matadores de Aluguel", que resultou na prisão de sete pessoas, todas acusadas de envolvimento no assassinato do jornalista Edinaldo Figueira, morto no dia 15 de junho desse ano, em Serra do Mel. Foram presas pela PF, com ajuda da Polícia Civil do RN, pessoas acusadas da execução, direta e indiretamente, e o mandante. A média de prisões do Piauí, o primeiro neste quesito, foi de quase 15 presos por operação.
O Estado da Bahia lidera as estatísticas entre os nordestinos nos quesitos quantidade de pessoas presas e número de atividades realizadas. Enquanto o RN realizou sete operações, a Bahia executou 15, resultando na prisão de 90 pessoas. No entanto, verificando a relação prisão/operações, a Bahia fica bem atrás de outros Estados, ocupando a sexta posição. É que numa única operação dezenas de pessoas foram presas ao mesmo tempo pela PF em outros Estados nordestinos. É o caso da ação batizada como Geleira, da PF do Piauí, onde 37 foram presos. Em Alagoas, foram 30 prisões na "CID-F".
No RN, os meses mais produtivos, segundo a estatística divulgada no site oficial da Polícia Federal, foram setembro e dezembro, com duas operações cada um deles. Diferente de outros Estados, as ações potiguares apresentaram, na maioria dos casos, um número reduzido de recolhidos. A segunda maior, em volume, foi batizada como "Macambira", quando sete foram colocados detrás das grades por tráfico de entorpecentes. A ação foi realizada na região Seridó do RN, com apoio da PF da Paraíba, onde três foram presos. Os outros quatro foram no RN.
Entre os nove Estados nordestinos, o Maranhão foi o que mais teve prisão de servidores públicos, geralmente ligados a esquemas de corrupção. Só a PF de lá conseguiu retirar de circulação 14 funcionários de órgãos estatais. Isso representa mais de 25% de todo o trabalho que foi feito no Maranhão (foram 55 prisões realizadas). O segundo colocado é Alagoas, com 11 servidores, de um total de 46. O Rio Grande do Norte e mais dois Estados nordestinos não aparecem na lista. Ao todo, 43 servidores públicos foram presos na região Nordeste do Brasil, o que equivale a cerca de 11,63% do total das prisões (foram 396 presos só no NE).
Combate ao tráfico é comemorado
A Polícia Federal do Rio Grande do Norte ficou numa posição ruim na estatística regional, mas as ações voltadas para o combate ao tráfico de entorpecentes foi motivo de comemoração durante 2011. Mais de uma tonelada de drogas foi apreendida só no RN. Em comparação a 2010, o aumento foi de mais de 100%.
As sete operações registradas na estatística do desempenho nacional referem-se somente àquelas que tiveram maior repercussão e foram batizadas, prática que foi adotada pela PF recentemente.
Por isso, a quantidade de prisões e operações é bem maior, segundo destacou a PF norte-rio-grandense através da sua assessoria de comunicação.
A droga mais presente nas apreensões continua sendo a maconha, seguida pelo crack. Quase 50 pessoas foram presas acusadas de tráfico de drogas.
No topo das drogas apreendidas está a maconha. Foram 871kg retirados das ruas em operações da Polícia Federal. Em segundo lugar está o crack, com 255,7kg apreendidos.
Há ainda apreensão em grandes volumes de cocaína e pasta-base. Esta segunda é uma espécie de droga ainda em estado bruto, que passaria por um processo para ser transformada em crack e proporcionar um lucro bem maior.
Em termos comparativos, em 2010 a PF havia apreendido no RN quase 400kg de drogas ilícitas (393,5kg).
‘Número de prisões não mede qualidade’
O baixo desempenho estatístico da Polícia Federal norte-rio-grandense em relação aos outros oito Estados que compõem a região Nordeste não pode ser encarado como o único quesito para se avaliar o desempenho policial. Essa é a ideia do delegado federal Elton Zanata, responsável pela unidade potiguar especializada no combate ao crime organizado.
Ele explica que a Polícia Federal, no RN e também em outros Estados brasileiros, mudou seu entendimento no que diz respeito ao ato de prender.
Antes era bem comum, relembra o delegado, ocorrer operações com dezenas de pessoas presas. Hoje, a Polícia Federal prefere prender somente aquelas pessoas que realmente oferecem um maior risco à sociedade ou podem representar algum dano à investigação.
"Nem toda a operação gera prisão. Temos operações que não vemos necessidade de pedir prisão e outras há necessidade. Às vezes a gente prefere fazer todo o trabalho e não pede a prisão logo no início; só no término da investigação", esclarece Elton Zanata.
"Hoje em dia só pedimos a prisão em casos extremos. Em alguns casos não pedimos a prisão. Só é necessária quando é de importância para a investigação. Quando a pessoa possa provocar um dano maior à sociedade ou à investigação, nós optamos por pedir a prisão", complementa o policial federal.
O delegado regional de combate ao crime organizado da PF no RN reconhece, no entanto, que a quantidade de prisões e operações está ligada diretamente à falta de estrutura humana da instituição no RN.
Ele confirma que o número de policiais que trabalham em solo potiguar é insuficiente para a atual demanda de ações.
"Tem muita demanda, e se aumentar a quantidade de operações não haveria como acompanhá-las com dedicação. Nós teríamos condições de fazer 20 operações consecutivas hoje, mas não teríamos condição de botar os policiais para se dedicar em todas elas, com a mesma eficiência. Então, a escolha é reduzir para um número menor e ter maior eficiência. É menos quantidade e mais qualidade", diz Zanata.
O delegado cita ainda uma pesquisa divulgada recentemente com a PF do RN. Ela foi considerada a melhor em atendimento do Brasil, a partir da avaliação dos seus usuários.
"Não estivemos bem em quantitativo, mas o trabalho da Polícia não pode ser medido só com prisão e operação. Nós temos outros trabalhos", fala.
Faltam policiais, mas sobra estrutura
O delegado Elton Zanata está há quase três anos trabalhando na Superintendência da Polícia Federal do Rio Grande do Norte. Ele conta que já passou por várias outras unidades pelo Brasil e que encontrou a melhor estrutura no RN, contrapondo-se ao desempenho baixo nas estatísticas quantitativas de operações e prisões.
De acordo com ele, faltam policiais para suprir a demanda, mas a estrutura física, logística e os equipamentos disponíveis são bons, melhor do que ele verificou em outros Estados.
"Já andei em muitas superintendências e com certeza essa aqui é uma das melhores. A estrutura é muito boa e temos uma pequena deficiência de efetivo", avalia o delegado.
Elton Zanata mostra-se esperançoso quanto à possível resolução do problema de efetivo com a contratação de novos policiais. O concurso público para delegados, agentes, escrivães e papiloscopistas já foi autorizado pelo Ministério da Justiça e ocorrerá em breve.
"O que me falta hoje é o efetivo. Acredito que, com a nova contratação de novo pessoal, serão designados novos policiais para o Rio Grande do Norte e poderemos compor o efetivo", destaca o delegado.

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