O apresentador José Luiz Datena negociou ao vivo, em seu programa na
Band, com um homem que mantinha a família em cativeiro, numa casa em
Diadema, na Grande São Paulo. Por mais de 20 minutos, conversou por
telefone com o homem, chamado Joel, que ameaçava a mãe e a mulher com
uma faca.
“Sou contra esse tipo de coisa”, disse Datena. “Mas a polícia pediu e
eu percebi que era um cara de bem”. Procurando tranquilizar o
sequestrador, o apresentador disse que acompanharia o seu caso, depois
que ele liberasse as reféns. Em diversas ocasiões, Datena frisou que só
aceitou o papel de negociador a pedido da polícia.
A transmissão do caso levantou a audiência do “Brasil Urgente”. No
momento de maior pico, alcançou 9 pontos no Ibope. Na véspera, a média
de audiência foi de 5 pontos. Cada ponto equivale a 60 mil residências
na Grande São Paulo.
Solucionado o sequestro, Datena pediu para deixar o programa, afirmando
que estava esgotado. E repetiu mais de uma vez que era contra agir como
agiu. “Fiz uma coisa que normalmente não faço e isso me custou muito
caro. Estou me sentindo muito mal”, afirmou ao passar o bastão para
Marcio Campos.
“É uma carga emocional muito grande. Quando eu digo que é difícil fazer
esse programa, ninguém acredita. Vocês vão me desculpar porque é uma
coisa que eu realmente não faço. Eu preciso deixar o programa. Não estou
me sentindo muito bem”, acrescentou Datena
A negociação foi dramática. “Você tem que confiar no seu amigo aqui.
Você tem que confiar em mim como eu estou confiando em você”, disse
Datena. “A responsabilidade é toda sua, Datena”, respondeu Joel, a certa
altura.
Joel se apresentou como mestre de obras. “Assisto seu programa. Sou
seu fã”, disse a Datena no início da conversa. “Joel é o nome do meu
filho”, respondeu o apresentador, iniciando a negociação. “Não sou
marginal, Datena”, disse ele. “Eu sei, Joel”, respondeu.
Consciente da gravidade da situação em que se envolveu, Datena mais de
uma vez disse ao sequestrador: “Eu coloquei em risco a minha carreira”.
Também se explicou: “Tô falando porque senti que você é um cidadão
honesto, de bem. Se não, você vai me deixar numa situação muito ruim”,
pediu.
Em um momento, o sequestrador disse que temia “virar estatística”, ao
que Datena o assegurou: “Não vou deixar virar estatística. Estou te
prometendo que vou acompanhar o seu caso. Só te peço, pelo amor de Deus,
que você saia daí”.
Joel também manifestou preocupação com a polícia de Diadema. Disse que
não queria se entregar a policiais da cidade. Para assegurá-lo, Datena
pediu à câmera da Band que mostrasse a placa do carro da policia
presente no local. Era de São Paulo. “Está vendo?”, perguntou Datena ao
sequestrador, que estava acompanhando o próprio caso pela TV.
Em diversos momentos, no esforço de convencer Joel a se entregar,
Datena apelou para a religião. “Vamos sair com a mamãe e a irmãzinha.
Ouça sua mãe que é Deus que está falando através dela”, disse ao
sequestrador.
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