Valdir Julião - repórter
Restos
de material biológico e de cadáveres em decomposição continuam em
urnas que ficam expostas e amontoadas no pátio interno do Instituto
Técnico e Científico de Polícia (Itep), na Ribeira. A situação foi
constatada ontem pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE. Mas uma solução
para ampliar a estrutura do órgão só deverá ocorrer a partir do segundo
semestre deste ano, estima o diretor geral do órgão, Nazareno de Deus
Medeiros Costa.
“Infelizmente, não temos onde colocá-los, mas já está sendo aberto um
processo de licitação para ampliação do espaço físico do necrotério”,
afirmou Nazareno de Deus. Ele disse por telefone, ontem de manhã, a
licitação está à cargo da Secretaria Estadual da Infraestrutura e que,
por isso, não tinha condições de afirmar qual será o custo financeiro
dessa obra, que vai humanizar o local de guardar as urnas e de acessos
do “rabecão”, o veículo do Itep usado para recolhimento dos corpos de
pessoas que morreram de forma violenta.
Nazareno de Deus afirmou
que esse material biológico guardado nessas urnas, são restos mortais,
principalmente ossadas em alto estado de decomposição, que precisarão
passar por exames laboratoriais, inclusive de DNA, para a sua
identificação legal.
“As ossadas, quando são encontradas, a gente
não pode colocar na câmara frigorífica para não contaminá-la”, disse
nazareno de Deus, a respeito do fato de que é um risco também para os
servidores, como peritos, necrotomistas e pessoal de apoio, que
manuseiam os cadáveres recolhidos para exames de necrópsia. “As câmaras
destinam-se para armazenar corpos frescos, não aqueles que estão em
estado de putrefação”, explicou.
Segundo Nazareno de Deus, no
Itep também existe um tanque com água para a colocação de cadáveres e
restos de mortais que precisam passar pelo processo de maceração.
“Quando os ossos ficam limpos, são guardados em algumas urnas para
posteriormente haver identificação, saber se a ossada era de homem ou
mulher”, exemplificou ele.
Outro problema persistente no Itep é a
falta de um laboratório para a realização de exames de DNA. “Nós temos
em torno de cem solicitações”, disse o diretor do órgão, para adiantar
que esse tipo de exame só é feito duas vezes no ano no laboratório do
Instituto de Medicina Legal de Salvador, na Bahia. “A gente solicita uma
agenda e o laboratório é cedido para os nossos técnicos, agora mesmo
nós temos dois técnicos em Salvador”, disse.
Do mesmo jeito que
fez para o governo comprar uma nova câmara fria em 2011, o diretor geral
do Itep disse que vai colocar o processo “debaixo do braço” e mostrar
para a área financeira e de planejamento do governo estadual a
necessidade de realização da reforma do Itep, sem contar que já está em
fase de elaboração um projeto para a construção de um novo Itep na Zona
Norte de Natal.
Nazareno de Deus disse que “não seria o ideal”,
mas já foi localizado um terreno de seis mil metros quadrados nas
imediações do Hospital José Pedro Bezerra, no conjunto Santa Catarina,
para se construir o novo prédio nos moldes do Instituto Médico Legal de
Fortaleza (CE), tido como referência para o país.
Segundo ele, a
ideia é construir um novo Itep com toda a infraesturura mínima para que
possa se prestar um serviço de qualidade à população e que também dê
conforto e condições de trabalhos aos servidores, como refeitório,
dormitório, auditório, além de cartório para registro de óbitos e
laboratórios de DNA, balística, toxicologia e químico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário