sexta-feira, 31 de maio de 2013

Corpos estão empilhados no pátio

Valdir Julião - repórter

Restos de material biológico e de cadáveres em decomposição  continuam em urnas que ficam expostas e amontoadas no pátio interno do Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep), na Ribeira. A situação foi constatada ontem pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE. Mas uma solução para ampliar a estrutura do órgão só deverá ocorrer a partir do segundo semestre deste ano, estima o diretor geral do órgão, Nazareno de Deus Medeiros Costa.

 “Infelizmente, não temos onde colocá-los, mas já está sendo aberto um processo de licitação para ampliação do espaço físico do necrotério”, afirmou Nazareno de Deus. Ele disse por telefone, ontem de manhã, a licitação está à cargo da Secretaria Estadual da Infraestrutura e que, por isso, não tinha condições de afirmar qual será o custo financeiro dessa obra, que vai humanizar o local de guardar as urnas e de acessos do “rabecão”, o veículo do Itep usado para recolhimento dos corpos de pessoas que morreram de forma violenta.

Nazareno de Deus afirmou que esse material biológico guardado nessas urnas, são restos mortais, principalmente ossadas em alto estado de decomposição, que precisarão passar por exames laboratoriais, inclusive de DNA, para a sua identificação legal.

“As ossadas, quando são encontradas, a gente não pode colocar na câmara frigorífica para não contaminá-la”, disse nazareno de Deus, a respeito do fato de que é um risco também para os servidores, como peritos, necrotomistas e pessoal de apoio, que manuseiam os cadáveres recolhidos para exames de necrópsia. “As câmaras destinam-se para armazenar corpos frescos, não aqueles que estão em estado de putrefação”, explicou.

Segundo Nazareno de Deus, no Itep também existe um tanque com água para a colocação de cadáveres e restos de mortais que precisam passar pelo processo de maceração. “Quando os ossos ficam limpos, são guardados em algumas urnas para posteriormente haver identificação, saber se a ossada era de homem ou mulher”, exemplificou ele.

Outro problema persistente no Itep é a falta de um laboratório para a realização de exames de DNA. “Nós temos em torno de cem solicitações”, disse o diretor do órgão, para adiantar que esse tipo de exame só é feito duas vezes no ano no laboratório do Instituto de Medicina Legal de Salvador, na Bahia. “A gente solicita uma agenda e o laboratório é cedido para os nossos técnicos, agora mesmo nós temos dois técnicos em Salvador”, disse.

Do mesmo jeito que fez para o governo comprar uma nova câmara fria em 2011, o diretor geral do  Itep disse que vai colocar o processo “debaixo do braço” e mostrar para a área financeira e de planejamento do governo estadual a necessidade de realização da reforma do Itep, sem contar que já está em fase de elaboração um projeto para a construção de um novo Itep na Zona Norte de Natal.

Nazareno de Deus disse que “não seria o ideal”, mas já foi localizado um terreno de seis mil metros quadrados nas imediações do Hospital José Pedro Bezerra, no conjunto Santa Catarina, para se construir o novo prédio nos moldes do Instituto Médico Legal de Fortaleza (CE), tido como referência para o país.

Segundo ele, a ideia é construir um novo Itep com toda a infraesturura mínima para que possa se prestar um serviço de qualidade à população e que também dê conforto e condições de trabalhos aos servidores, como refeitório, dormitório, auditório, além de cartório para registro de óbitos e laboratórios de DNA, balística, toxicologia e químico.

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