sábado, 28 de setembro de 2013

Wilma de Faria responsabiliza Rosalba por crise e cobra explicações sobre as finanças do Estado

- Por: Portal JH
Foto: Divulgação
Wilma de Faria: “Responsabilidade da administração é da governadora Rosalba”. Foto: DivulgaçãoO anúncio do atraso salarial de parte dos servidores estaduais levou a atual vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), a cobrar da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) mais transparência e explicações em torno das finanças do Rio Grande do Norte. Para a presidente estadual do PSB, a democrata também é responsável pela crise econômica enfrentada pelos cofres públicos do Estado.
“A responsabilidade da administração é da governadora, que foi eleita para administrar o Estado com uma expectativa muito grande, mas o que se vê são os serviços essenciais precários. Quem sofre é o povo”, disse Wilma de Faria em entrevista a O Jornal de Hoje pela manhã, minutos após realizar visita as obras do Palácio dos Esportes, de iniciativa da Prefeitura de Natal.
Ao ser questionada se era favorável ao pedido de impeachment de Rosalba Ciarlini, como vem sendo cogitado por alguns deputados estaduais, Wilma explicou que, antes, é preciso cobrar esclarecimentos a democrata. “Nós queremos explicações sobre o que está acontecendo no RN, queremos mais transparência da situação econômica atual. Ela foi eleita pelo povo, e são eles que precisam dessas informações”, disse.
Ainda de acordo com a vice-prefeita, os deputados estão repercutindo os pedidos feitos pela própria população nas ruas. “O povo está cobrando uma atitude, porque eles são os que mais sofrem com esta sequência de problemas. É preciso esclarecer tudo”, disse Wilma.
Sobre o atraso salarial de 8% dos servidores, conforme anunciado pelo governo, a ex-gestora disse lamentar o fato, mas questionou os números apresentados pelo Estado. Conforme Wilma, o RN tem batido seguidos recordes de arrecadação de ICMS, quantia que seria suficiente até para quitar a folha salarial do funcionalismo público. “É por tudo isso que é uma decisão assustadora, lastimável. Até porque a própria governadora anunciou no início do ano que o RN vivia uma fase boa, que iria deslanchar, as obras aconteceriam”, lembrou.
Wilma fez referência ao discurso de Rosalba durante a leitura anual de sua mensagem na Assembleia Legislativa, no primeiro dia de trabalho dos parlamentares em 2013. Aos deputados, a governadora enumerou uma série de ações e comemorou a liberação de recursos para obras no Estado.
Pouco tempo depois, o governo ainda conseguiu no Senado Federal autorização para contrair empréstimo milionário junto ao Banco Mundial e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird) para implementar programas no Estado, entre eles o Sanear RN, até hoje com poucos resultados alcançados. A meta era tornar o território potiguar 80% saneado até 2018.
“Mas, alguns dias depois dessas notícias, já surgiu a hipótese do Estado não poder nem pagar aos seus servidores. Desde então tem sido uma calamidade, já se cortou orçamentos dos demais poderes, virou uma briga na Justiça, e nada melhora. É incrível o que acontece no RN. Uma grande lástima assistir a tudo isso no nosso Estado”, disse a ex-governadora.
A vice-prefeita voltou a citar que programas de boa avaliação popular durante a sua administração foram paralisados na atual gestão democrata. Entre eles o Programa de Desenvolvimento Solidário. Além disso, citou a situação do Programa do Leite, que estaria com cinco quinzenas de pagamentos atrasados.
Para colaborar
A ex-governadora Wilma de Faria (PSB) também se colocou à disposição da sociedade para discutir e elaborar em conjunto, com os demais membros da classe política contrários a administração rosalbista, um projeto capaz de tirar o RN do caos financeiro. Segundo Wilma, é preciso unir as universidades, técnicos e representantes de classe para diagnosticar a situação vivida no Estado.
Wilma cobrou ainda a união dos representantes potiguares na luta por um novo pacto federativo. Para a vice-prefeita, os Estados e municípios possuem mais responsabilidades com investimentos em áreas essenciais, como saúde e segurança, enquanto o governo federal quase não destina recursos para a área, mesmo recebendo a maior parte dos tributos.
“Temos que lutar pela autonomia financeira dos Estados. Hoje a situação é de caos. Além da falta de gestão, de rumo, de pessoas com visão, o RN ainda convive com este problema. Mas, muitos Estados vizinhos estão conseguindo se organizar e estão evoluindo”, disse.
Governo afirma que receita acumula queda de R$ 500 milhões
Em entrevista coletiva realizada na Escola de Governo na tarde desta quinta-feira (26), cinco secretários do Governo do Estado detalharam os números do balanço financeiro do Rio Grande do Norte no mês de setembro.
A coletiva teve a participação do controlador geral do Estado, Anselmo Carvalho, dos secretários de Planejamento e Finanças, Obery Rodrigues,  Administração, Alber Nóbrega, Saúde, Luiz Roberto, do consultor Geral do Estado, José Marcelo Ferreira, e do presidente do Ipern, José Marlúcio Diógenes.
No balanço, foi detalhada a frustração de receita no RN, que em dois anos acumula queda de R$ 500 milhões apenas do Fundo de Participação dos Estados, composto basicamente por tributos federais como Imposto de Renda e IPI. Em cerca de 20 estados da federação, o cenário é o mesmo. Em alguns, já foram tomadas medidas mais radicais, como extinção de secretarias e demissão de cerca de 4 mil pessoas.
“A estimativa média de arrecadação no ano passado foi de R$ 239,5 milhões, e o valor realizado foi de R$ 215 milhões”, explicou Anselmo Carvalho. Em 2013, o comportamento esperado e a arrecadação ficaram abaixo do que estava projetado. “Isso foi provocado pela desoneração da energia elétrica e outros tributos incidentes, além da queda do IPI para a linha branca e automóveis”. A média de estimativa de arrecadação de 2013 era de R$ 253 milhões, e foi arrecadado até agora R$ 229 milhões.
Outro dado apresentado na coletiva foi a média da folha de pagamento de 2012, de mais de R$ 273 milhões, que aumenta para R$ 311 milhões em 2013. Isso ocorreu por causa de progressão funcional, aumento de despesa salarial, implantações salariais por decisões judiciais, convocações de professores e pagamento retroativo do aumento da Polícia Militar.
A despesa de pessoal cresceu R$ 225 milhões e a transferência de recursos para os demais poderes aumentou de maneira geral. No balanço do mês de setembro, entre as receitas e despesas, com a arrecadação de ICMS, IPVA, ITCD, IRR, FPE, royalties e outras, foi fechada na receita de R$ 586 milhões contra uma despesa de mais R$ 636 milhões. CALENDÁRIO DE SETEMBRO
Diante das frustrações de receita, o Governo do RN anunciou, na coletiva que os servidores da educação, saúde, segurança, que envolve a Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e ITEP, efetivos da UERN e Defensoria, e órgãos de arrecadação própria como Detran, IPERN, Idema, receberão os salários integrais na segunda-feira (30). Isso corresponde a 92% do total de servidores ativos e inativos.
No dia 10 de outubro, terão seus salários creditados os demais servidores que recebem acima de R$ 3 mil. O RN tem atualmente 101.265 servidores e o total da folha líquida de pagamento é de R$ 297.819.006,00.

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