terça-feira, 3 de dezembro de 2013

“Tem eletricidade?”, pergunta médica cubana que vai para o interior do RN

Por Dinarte Assunção 

Amor à medicina. Foi o que fez a cubana Marta Marisela deixar seu país para servir nos rincões de Acari, a milhares de quilômetros de sua terra natal. A médica, que desembarcou nesta segunda-feira (2) na base área de Natal com outras seis colegas, não nega que há motivação pecuniária envolvida em sua vinda ao Brasil (salário de R$ 10 mil), mas para ela o motivo principal é outro: “Ajudar a pessoa que necessita da gente”, explicou em “portunhol”.
Espremida entre a governadora Rosalba Ciarlini e o ministro Garibaldi Filho (Previdência Social), a cubana foi escalada como representante de seus pares. Parecia uma iguaria incomum à disposição dos repórteres, que a perscrutavam. Indagações sempre vinham acompanhadas de gesticulações e esforço na dicção, em tentativa clara de fazê-la entender. A médica não pediu para que nenhuma pergunta fosse repetida. E sempre respondeu calmamente, embora carregada de sotaque.
“Também vamos aprender com o povo do Brasil. Estive vendo sobre o Rio Grande do Norte. Vou para Acari”, comentou antes de perguntar se a cidade tem eletricidade – para se ter ideia das condições em que ela está acostumada a trabalhar. “Sim, sim”, socorreu a governadora Rosalba Ciarlini.
Escalados para os rincões de pobreza, os profissionais do Mais Médicos têm sido recebidos no Brasil, não raro, com hostilidades por seus pares nativos. O grupo que desembarcou nesta segunda-feira não escondeu o receio de ser alvejado pelas críticas que beiram o crime. “Fomos muito bem recebidos”, pontuou Marisela, enquanto uma bandeira do Brasil tremulava no balcão à sua esquerda.
As ênfases da médica são sempre precedidas por suas sobrancelhas arqueadas. Quando questionada a respeito do que precisa para seu atendimento, o par de linhas capilares acima dos olhos se ergueu demoradamente. A reportagem transcreve tal qual o sotaque.
“Voy para a zona rurá. Estoy muitcho feliz. É una coisa básica. Medicina familiar”, disse a médica, logo questionada sobre as semelhanças entre os Sistema Único de Saúde o correspondente em Cuba. “São sistemas parecidos. Lá e aqui”.

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