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Crime chamou atenção da vizinhança. Assassinato ocorreu em meio a passagem de veículos pela faixa ao lado da pista
Fotos: José Aldenir
Diego Hervani
Repórter
Nos últimos, anos crimes de homicídios se tornaram rotineiros em todo
o Rio Grande do Norte. Ainda assim, a violência de algumas ocorrências
chega a assustar até mesmo os policiais. Na manhã desta terça-feira (3),
um desses casos aconteceu na Rua da Lagosta, no conjunto Alagamar, em
Ponta Negra. Um homem foi morto com 77 tiros de pistola 9 milímetros. O
assassino, que usava capacete, fugiu tranquilamente do local.
A morte aconteceu por volta das 8h10, quando a via já recebia grande
movimentação de veículos. O mossoroense Técio Duarte da Silva, de 34
anos, estava no banco do carona de um Gol de cor branca e placas
OJX-8325. Quando o veículo chegou nas imediações do condomínio Corais de
Ponta Negra, um outro homem apareceu em uma moto e abordou os dois.
“Esse homem chegou, sacou a pistola e pediu para o motorista descer do
carro. Nesse momento ele começou a atirar. Todos os tiros apenas na
direção da vítima”, relatou um policial que não quis se identificar.
Ao todo foram 77 disparos, dos quais 37 acertaram o para-brisa do
carro. A violência da ação também chamou atenção, como afirmou o
delegado Alexsandro Gomes. “Os policiais aqui realmente ficaram
impressionados. É muito raro você atender uma ocorrência desse tipo, com
tantos disparos. Mas ainda iremos investigar o que realmente
aconteceu”. Os policiais que estavam no local revelaram que o homem usou
três pentes de munição.
Além do número de disparos, a tranquilidade com a qual o suspeito
agiu também chamou atenção. Em um vídeo cedido por uma testemunha é
possível observar a parte final da ação, quando o homem, que estava
usando capacete, já parou de atirar. O criminoso guarda a pistola, anda
calmamente até a moto, coloca uma espécie de fita na placa para
dificultar a identificação e depois vai embora, ainda se preocupando em
fazer a volta na rua para não ir na contramão. “Na verdade ele ficou
cerca de quatro minutos na cena do crime. Realmente muito tranquilo, sem
se preocupar se a polícia iria chegar. Os carros passando pelo lado
dele e ele nem se preocupava. Realmente ele foi muito frio”, disse um
rapaz, que pediu para ser identificado apenas como Fernando.
Outros moradores da região, que estavam no local do crime, relataram o
susto com toda a situação. “Eu estava dormindo quando escutei os tiros.
Quando os disparos começaram, eu tomei um susto. Foram muitos tiros. Eu
peguei a minha esposa e nos abaixamos. Nunca tinha visto isso na minha
vida. Mas infelizmente essa é a nossa realidade. A criminalidade está aí
todos os dias e a população é quem sofre mais”, frisou o senhor Carlos
Costa.
Já a comerciante Hilda Farias, que chegou na cena poucos minutos
depois do ocorrido, disse que na região são raros os casos de
assassinatos, ao contrário do que acontece com os assaltos. “Realmente
esse é o primeiro caso de homicídio que eu lembro por aqui. Já tiveram
alguns mais lá pelos lados da Vila de Ponta Negra. Aqui nós andamos com
cuidado, com medo dos assaltos. Nessa rua acontecem muitos,
principalmente no início da manhã, quando a movimentação é pouca. Espero
que os homicídios não se tornem rotina por aqui, caso contrário a nossa
situação vai ficar bem complicada”.
Segundo informações da Delegacia de Homicídios (Dehom), Técio era
detento do regime semiaberto e cumpria pena em um presídio da zona Norte
de Natal. Ele respondia a processos na Justiça do RN e havia sido preso
em 2009, na cidade de Caicó, por receptação de carros roubados e com
clonagem de automóveis. Em 2012, ele foi preso mais uma vez, em Nova
Parnamirim. Abalado com o ocorrido, o motorista do carro no qual a
vítima estava não quis conversar com a imprensa. Para a polícia, ele
revelou que levava o homem para resolver algumas pendências no
Departamento de Trânsito (Detran), já que Técio trabalharia como
vendedor de carros.
Perito demora quase duas horas para chegar
Além da violência do homicídio, outro fator que chamou atenção foi a
demora do perito para chegar ao local do crime. O responsável por
periciar a cena chegou apenas às 10h, quase duas horas depois do
assassinato. Durante esse tempo, policiais e até o delegado que
atenderam a ocorrência ficaram mais de uma hora entrevistando
testemunhas e cercando o local. Mesmo quando terminaram todas as
tarefas, faltava apenas o veículo do Itep responsável por levar o corpo
para o prédio do órgão.
O JH entrou em contato com a assessoria de imprensa do Itep para
saber o que aconteceu. Segundo o perito que esteve na cena do crime,
assim que acionados pelo Ciosp, eles se deslocaram até o local e a
demora pode ter acontecido pelo tempo que o Ciosp levou para chamá-los.
Outro ponto levantado pelos policiais foi de que um dos carros do Itep
estaria quebrado. A assessoria informou que realmente existe um veículo
com um problema na roda e que ele será trocado esta tarde, mas que
durante a manhã o carro rodou normalmente.
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