Dos 167 municípios do Rio Grande do Norte 153 estão em estado
de calamidade pública por causa da seca. Vinte cidades estão passando
por rodízio no abastecimento de água e nove estão em colapso – com o
abastecimento completamente suspenso por parte da Companhia de Águas
Esgotos do Rio Grande do Norte. De acordo com a Empresa de Pesquisa
Agropecuária (Emparn), o atual período de seca é o pior no RN desde 1911
quando a instituição começou o monitoramento pluviométrico no estado.
“Esse período de seca começou em 2012. De lá pra cá a chuva não foi
suficiente para recuperar o nível dos reservatórios”, explicou o
meteorologista Gilmar Bistrot. Segundo ele, a média de chuva para o RN é
de 700 milímetros por ano. Em 2012, choveu 300 mm – menos de 50% da
média. Em 2013, choveu 600 mm. No ano seguinte, 500 mm. Em 2015, choveu
em média 400 mm no interior do estado e o período chuvoso já acabou.
“Em todos esses anos o índice de chuvas ficou abaixo da média. A
consequência maior que se observa é a condição de reserva hídrica que se
exauriu rapidamente”, disse Gilmar Bistrot.
Na última semana, o governo do estado instituiu um gabinete de gestão
integrada de recursos hídricos para garantir a continuidade do
abastecimento nas áreas mais afetadas pela estiagem. Na primeira reunião
do comitê realizada no dia 18 de junho o secretário estadual de
Recursos Hídricos afirmou que a prioridade no momento é garantir o
abastecimento humano. “Infelizmente alguns sistemas de irrigação já
foram restritos só para a noite, mas é porque nesse momento nossa
prioridade é o consumo humano”.
O nível dos reservatórios do estado é preocupante. A barragem Armando
Ribeiro Gonçalves, maior reservatório do estado, tem capacidade para
2,4 bilhões de metros cúbicos e está com apenas 681 mil metros cúbicos
de água, o que representa 28,38% da capacidade total. Uma resolução da
conjunta da Agência Nacional de Águas (ANA) com o Instituto de Gestão de
Águas do RN (Igarn) fixou a data de 1º de julho para que seja suspenso o
uso da água da bacia Piranhas-Açu para fins de irrigação. A resolução
foi publicada na última sexta-feira (19) no Diário Oficial da União e
tem como objetivo garantir o abastecimento humano e a preservação dos
mananciais.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN, José
Álvares Vieira, a situação é “desesperadora”. “Nós saímos do patamar de
preocupação e entramos no patamar do desespero. É muito fácil dar uma
canetada proibindo a retirada de água para irrigação, mas ninguém se
preocupa com a situação do produtor. Claro que soluções para a garantia
de água são importantes, mas também é preciso salvar os produtores
rurais”, disse.
Segundo ele, os prejuízos causados pela seca são incalculáveis. “Não
dá pra mensurar com exatidão o verdadeiro prejuízo porque o prejuízo é
permanente. Mas nesses três anos de seca nós já tivemos perda de 90% na
produção do mel e da castanha, perda de 50% na produção de carne e
leite, a fruticultura irrigada teve perda de 10% da produção, e essas
perdas estão aumentando”, disse.
G1 RN
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