Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil
A
presidenta Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (5) que o afastamento do cargo do
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) ocorreu “antes tarde do que nunca”. Dilma
lamentou que Cunha tenha conseguido presidir “na cara de pau" a sessão
da Câmara que aprovou o "lamentável" prosseguimento do processo de impeachment. A liminar foi concedida pelo ministro Teori Zavascki e ainda precisa ser analisada pelo plenário do Supremo.
“Hoje,
antes de sair de Brasília, soube que o Supremo Tribunal Federal tinha
afastado o senhor Eduardo Cunha alegando que ele estava usando seu cargo
para fazer pressões, chantagens. A única coisa que eu lamento, mas eu
falo antes tarde do que nunca, é que infelizmente ele conseguiu e, vocês
assistiram, ele presidindo na cara de pau o lamentável processo [de impeachment]
na Câmara”, afirmou Dilma, durante a cerimônia de início da operação
comercial da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Vitória do Xingu, no
Pará.
Para Dilma, a admissibilidade do pedido de afastamento foi uma “chantagem” de Cunha. “Na verdade, o início desse impeachment
foi uma chantagem do senhor Eduardo Cunha, que pediu para o governo
votos para impedir seu próprio julgamento na Comissão de Ética da
Câmara. Nós não demos os votos. Ele entrou com o pedido de impeachment. Esse impeachment é um claro desvio de poder, porque ele usa seu cargo para se vingar de nós porque nós não nos curvamos às chantagens dele.”
Afastamento de Cunha
Zavascki,
que é relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal,
determinou o afastamento de Cunha do mandato de deputado federal e, em
consequência, da presidência da Câmara. O ministro atendeu a pedido do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apresentou denúncia
acusando Cunha de tentar interferir na condução das investigações da
Operação Lava Jato. Cunha informou que vai recorrer da decisão. Mesmo
afastado do mandato, ele permanece como deputado e com foro
privilegiado.
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