O Ministério Público Federal (MPF) firmou um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) com a Prefeitura de Equador para definir medidas que vão
garantir a preservação dos costumes da comunidade cigana local e seus
direitos aos serviços básicos. Em março deste ano, o procurador da
República Bruno Lamenha se reuniu com integrantes da etnia Calon.
Dezoito famílias vivem na cidade, em moradias precárias, e relataram
sofrer preconceitos diversos.
O TAC se baseia, entre outros textos, no Relatório Especial da ONU
para Minorias, que aponta os ciganos como grupo vítima de diversas
violações de direitos humanos, sofrendo inúmeras privações
socioeconômicas. Conforme situação verificada pelo MPF em Equador, a
comunidade local enfrenta problemas de falta infraestrutura em suas
residências, além de desemprego e discriminação.
De acordo com o termo, a Prefeitura de Equador tem até 30 dias para
designar uma comissão que vai elaborar um plano de políticas públicas
para a comunidade cigana. A versão definitiva desse plano deverá ser
entregue em 180 dias e encaminhada, na forma de projeto de lei, à Câmara
Municipal. O MPF fiscalizará sua aplicação.
Além disso, o Município se compromete a promover um seminário sobre
cultura cigana, que deve contar com a participação de pelo menos 80% dos
professores da rede pública. O encontro deve ser realizado em até 120
dias e, a partir daí, anualmente, devendo discutir as formas de
preconceito sofridas pelos ciganos e como evitar essas situações de
discriminação, principalmente nas escolas.
Outras ações definidas no TAC são identificar as dificuldades de
acesso e de permanência dos ciganos adultos na Educação de Jovens e
Adultos, buscando as soluções; orientar os profissionais de saúde a
observarem a legislação que garante atendimento igualitário no SUS; e
assessorar e viabilizar a criação da associação local voltada a essa
parcela da população.
O descumprimento de qualquer cláusula do TAC gerará multa de R$ 500,
em desfavor do agente público que causou a violação, além de multa
diária de R$ 250 enquanto durar o descumprimento. O TAC foi assinado
pelo procurador da República Bruno Lamenha, pela prefeita de Equador,
Noeide Ferreira, e pelo procurador do Município, Rogério Cabral.
O trabalho desenvolvido pela Procuradoria da República (PRM) em Caicó
se baseou na atuação do procurador Paulo Rubens Carvalho, que à frente
da PRM Guanambi, na Bahia, assinou um TAC semelhante com uma prefeitura
local.
Seminário – A assinatura do TAC ocorreu no último dia 30, durante o
“I Encontro Municipal: Inclusão e Cultura de Povos Ciganos”, do qual
participou o procurador Bruno Lamenha. “Esse evento foi muito
importante, pois abordou a cultura cigana e, pela primeira vez, a
comunidade local esteve reunida nesta condição para debater com
‘não-ciganos’ questões referentes a seus costumes e tradições e aos
problemas enfrentados”, destacou o representante do MPF.
Estiveram presentes ao seminário, integrantes da prefeitura,
professores da rede municipal, vereadores e a equipe da assistência
social do Município. A comunidade cigana compareceu em peso e celebrou
com muita música e dança.
Confira a íntegra do TAC clicando aqui.
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