Foto da Serra da Cajarana / Santana do Matos
Mossoró Hoje - A esperança de que a quadra chuvosa se prolongasse mantendo os reservatórios do Estado abastecidos evaporou com o prolongamento da estiagem que assola o Nordeste. Sem as precipitações previstas para a região Oeste, e com previsão de chuvas insuficientes para o segundo semestre, o Governo do Estado já adota medidas de reforço. A Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn) recomenda cautela e cidades em todo o RN estão apreensivas com o grave risco de desabastecimento.
A
situação é tão grave que, em plena estação chuvosa, 153 municípios
potiguares entraram em situação de emergência, o que forçou o Governo do
Estado a renovar, por mais 180 dias, o decreto de emergência. Por conta
da seca dos últimos quatro anos, o RN perdeu em torno de 340 mil
animais de seu rebanho. Uma perda que representa cerca de 30% do total.
No primeiro trimestre deste ano, os reservatórios do Estado apresentaram uma média de armazenamento de apenas 24% de sua capacidade. O açude Itans, em Caicó, com capacidade para 84 milhões de metros cúbicos de água; o Gargalheira, que tem capacidade para armazenar até 40 milhões de metros cúbicos de água, em Acari; e a barragem de Pau dos Ferros, que pode armazenar até 56 milhões de m³ de água, estavam totalmente secos. Já a barragem de Santa Cruz, em Apodi, que comporta 600 milhões de m³ de água, fechou o semestre com pouco mais de 30% de sua capacidade.
O
meteorologista da Emparn, Gilmar Bistrot, explica que apenas oito
municípios da região do Seridó e de Angicos atingiram a precipitação
normal esperada para o período. Ele ressalta que analisando o mapa das
precipitações chuvosas durante o ano, a maioria dos municípios do
interior do Estado está na categoria de seco a muito seco.
"De
julho até dezembro não temos chuvas expressivas no interior do Estado,
caracterizando um período seco. Não têm sistemas meteorológicos capazes
de induzir a produção de chuvas no interior nessa época do ano. Já no
litoral, temos ainda os meses de julho e parte de agosto com correntes
de chuva, mas mesmo no litoral estamos observando a predominância de
chuvas abaixo do normal", avaliou Bistrot.
Bistrot
diz ainda que através de previsões baseadas na atuação do El Niño, o
fenômeno meteorológico esteve na categoria de maior intensidade,
contribuindo para a falta de chuvas na região que enfrenta o quinto ano
seguido de estiagem. Ele ressalta ainda que, analisando as temperaturas
dos oceanos, é possível prever uma situação bem melhor a partir de
novembro deste ano.
“Esse
ano foi basicamente influência do El Niño, que provocou essa redução
drástica das chuvas. E também das zonas de transição entre o período
seco que tivemos de 2012 até 2016 por uma situação mais normal de
ocorrência de chuvas que começa agora em 2017. Dependendo do
comportamento da temperatura dos oceanos, acreditamos que a partir de
novembro já tenha uma condição favorável para chuva. O Pacífico já está
mostrando o fenômeno La Niña e o oceano Atlântico está oscilando de
forma favorável", acrescenta.
Essa
também é a análise do secretário estadual de Meio Ambiente e dos
Recursos Hídricos, Mairton França, que afirmou que o cenário continua o
mesmo, com exceção do Seridó, que atingiu um pouco de recarga dos
reservatórios. O restante dos municípios da região semiárida continua em
situação muito preocupante. “Não haverá mais chuvas este ano no
interior do Estado. Precisamos nos segurar até a quadra chuvosa de 2017
que, segundo as previsões, será melhor que a deste ano”, alertou o
secretário.
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