Em Pernambuco, crianças do ensino infantil de escolas indígenas
participaram na quinta-feira (03), de uma mobilização contra a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC 55/2016), que estabelece limite
para os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Na Câmara, a proposta
tramitou como PEC 241. Os alunos também pintaram cartazes de protesto
contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB).
Após críticas nas redes sociais por um possível uso político das
crianças por movimentos de esquerda, a organizadora das mobilizações
Edilene Bezerra Pajeú, de 41 anos, conhecida popularmente como Pretinha
Truká, disse que “as crianças não são seres impensantes”. Ela é membro
titular do Fórum Nacional de Educação (FNE) como representante da
Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena (CNEEI).
“É claro que as crianças não vão conseguir ter um entendimento
sobre o que é ou não PEC da mesma forma que um adulto. Mas elas sabem
que aquilo não é bom para elas. Nossas crianças são inteligentes, elas
estão vendo os pais e professores se mobilizando e querem participar,
não são forçadas”, explicou Truká.
De acordo com a representante do movimento, as manifestações
aconteceram de forma pacífica e com atividades de conscientização. “Não
levamos as crianças para a rua, nem para as rodovias foi tudo de forma
pacífica e dentro da escola. Alguns pais foram assistir e as crianças
recitaram poesias e participaram de pinturas, contra a PEC e os pais que
foram aprovaram”, disse.
Segundo Pretinha Truká, nenhum partido político participou da
mobilização. “Foi tudo acertado pela comunidade escolar e líderes de
comunidades indígenas”, disse ela que foi candidata a vereadora de
Cabrobó, no Sertão de Pernambuco. Truká não foi eleita.
As manifestações infantis contra a PEC 55 foram realizadas em
outras cidades do Sertão como Salgueiro e Petrolândia. “Foi feito um
trabalho de conscientização política em todas as escolas indígenas de
Pernambuco, não podemos nos calar diante do que está acontecendo no
Brasil, não somos melhores do que ninguém, mas não aceitamos nenhum
direito a menos. Esse governo não nos representa. Fora temer, e leve com
você a PEC 241”, disse Pretinha Truká em sua página no Facebook.
Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (04), o
ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), disse que a atitude
mostra um total despreparo dos organizadores e afirmou que escola não
pode ser reduto partidário. “É deplorável e inaceitável. A rigor são
crianças indefesas em processo de alfabetização tendo que fazer
musiquinha contra a PEC. A escola não pode ser ambiente de proselitismo.
Não podem transformar a escola em comitê político-partidário e
ideológico cabe ao Ministério Público investigar se houve ferimento do
Estatuto da Criança”, disse o pernambucano.
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